São Paulo, terça-feira, 01 de junho de 2010

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PMs são suspeitos de mais 12 mortes

Grupo de extermínio formado supostamente por pelo menos cinco policiais teria matado 23 pessoas ao todo

Além das mortes, as 17 tentativas de homicídio investigadas ocorreram nas áreas de atuação de cinco DPs da zona leste

ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

Um grupo de extermínio formado supostamente por pelo menos cinco policiais militares do 21º Batalhão (zona leste de São Paulo) é suspeito de ser o responsável por mais 12 mortes e 17 tentativas de assassinato investigadas pela Polícia Civil.
A existência do grupo foi revelada pela Folha no dia 16 de maio. Até então, a suspeita era que ele tivesse matado 11 pessoas. Agora, as mortes investigadas já chegam a 23.
Desde 21 de maio, o PM Valdez Gonçalves dos Santos, 36, está preso sob suspeita de comandar o grupo.
Valdez foi preso por ordem do juiz Daniel Ovalle da Silva Souza, do 1º Tribunal do Júri, como principal suspeito de matar o camelô Roberto Marcel Ramiro dos Santos, 22.
Dezenove dias antes da morte de Santos a tiros, na Vila Invernada (zona leste), o PM Valdez ameaçou o camelô e sua mãe, Janete Rodrigues, de morte. O crime foi na madrugada do último dia 8.

OUTROS SUSPEITOS
Após a prisão de Valdez, outros dois PMs suspeitos de ajudá-lo tiveram parte de sua identificação descoberta pelo DHPP (departamento de homicídios), da Polícia Civil: Padovani e Audrey.
Os crimes investigados como cometidos pelo grupo de extermínio supostamente formado por PMs começaram em 28 de março de 2009 e duraram até a morte do camelô, no dia 8 de maio.
As 23 mortes e 17 tentativas de homicídio aconteceram nas áreas de atuação de cinco delegacias da zona leste da capital: Parque São Lucas, Vila Diva, Tatuapé, Vila Alpina e Vila Formosa.

CÚPULAS REUNIDAS
Na maior parte dos homicídios, as 23 vítimas foram baleadas por encapuzados que chegavam em motocicletas e em dupla.
Um Meriva preto, um Honda Fit prata e uma Tucson também são investigados nos atentados.
Os assassinatos em que PMs aparecem como suspeitos forçaram a cúpula das polícias Civil e Militar de São Paulo a planejarem uma força-tarefa para tentar solucionar os casos.
Entre hoje e amanhã, o novo corregedor da Polícia Militar, coronel Admir Gervásio Moreira, que assumiu o cargo no dia 21 de maio, o delegado-geral da Polícia Civil, Domingos de Paulo Neto, e o chefe do departamento de homicídios, Marco Antonio Desgualdo, se reunirão.
Desde o dia 14 de maio, a Folha tenta obter uma palavra oficial do Comando-Geral da Polícia Militar sobre o caso, mas não houve resposta.
A reportagem também não conseguiu contato com o policial Valdez nem com seus defensores.

"CASOS PONTUAIS"
Na sexta-feira, ao falar com a Folha sobre suas metas à frente da Corregedoria, o coronel Gervásio declarou que grupos de extermínio supostamente formados por PMs "são casos pontuais, conduta individual, e não conduta institucional".


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