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180 DIAS
Segundo lideranças petistas, prefeita chega ao final de seu primeiro semestre sem projetos para os principais problemas
Insatisfação com Marta atinge apoiadores
JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Comparar o governo Marta Suplicy com a situação do fornecimento de energia no país ajuda a
entender a opinião de petistas sobre os seis meses da nova gestão:
faltou energia, ocorreram alguns
apagões, e a meta não foi cumprida em determinadas áreas.
Há explicações que os próprios
pares de Marta levantam para justificar o desempenho e as decisões
dela no comando do Executivo,
como os já repetidos argumentos
de que a petista está "engessada"
por ter herdado uma prefeitura
com as finanças comprometidas.
Entretanto os correligionários
crêem também que não há atenuante que encubra algumas falhas no governo.
Um dos erros que os colegas de
partido de Marta citam é o fato de
a administração ter chegado ao final de seu primeiro semestre sem
apresentar reformas estruturais
ou projetos para os principais
problemas da cidade.
Vai haver uma mudança no rodízio? Vai haver proibição de circulação em alguma área? O que
será feito para incentivar o uso do
transporte público e, consequentemente, ajudar a resolver o problema do trânsito?
As perguntas são de um dos integrantes da cúpula petista. Ele se
diz insatisfeito com as propostas
"tímidas" apresentadas até agora
para a área de transporte.
Da Câmara Municipal, saem
mais críticas quanto às metas que
a administração deveria ter atingido. A condenação, nesse caso,
envolve uma minirreforma administrativa, já aprovada, que serviu
para criar cargos de confiança.
Um petista afirma que esperava
reformas "estruturais".
Correligionários de Marta citam
um outro exemplo: o fato de não
ter saído do papel ainda a proposta de implantação das subprefeituras, prometida pela prefeita em
sua vitoriosa campanha eleitoral.
Para os aliados da petista, entre
manter as atuais administrações
regionais desestruturadas e implantar de imediato as subprefeituras, Marta deveria ter ficado
com a segunda opção, mesmo
que os órgãos não começassem a
funcionar a todo o vapor.
"Falta articulação e coordenação política no governo"; "falta
uma relação mais orgânica e sistemática com o partido"; "falta eixo
à administração", "a estratégia
para obter maioria no Legislativo
falhou, e o governo começou a ceder à oposição e aos aliados", são
frases empregadas para apontar
as deficiências do chamado "governo da reconstrução".
Os autores são vereadores, dirigentes, sindicalistas e integrantes
do governo ouvidos pela Folha
sob o compromisso de não serem
identificados. O anonimato é reflexo do temor, neste momento,
de serem apontados como responsáveis por detonarem uma
crise na gestão petista.
Entre as lideranças que apóiam
Marta, há um claro desconforto
com a forma que a administração
tratou a questão do lixo. O vaivém
da prefeita e de seus assessores sobre a necessidade de investigar
supostas irregularidades na contratação do serviço é apontado
como um forte elemento do desgaste do governo.
Não sobram também manifestações de descontentamento com
a maneira como foi conduzida a
negociação em torno do aumento
da tarifa de ônibus (depois de ter
liberado R$ 41 milhões para subsídio da passagem, por pressão
empresarial, e declarado que o
reajuste a elevaria R$ 1,25, Marta e
o secretário de Transportes, Carlos Zaratini, cederam aos argumentos dos donos das viações e
fixaram o preço em R$ 1,40).
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