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"Coronel quis ser superior a tudo"
DA REPORTAGEM LOCAL
O promotor Norberto Joia, um
dos responsáveis pela acusação,
disse que a condenação de Ubiratan Guimarães era o que a sociedade esperava. "Essa foi a minha
recompensa por um trabalho extenuante", afirmou ele.
Carlos Cardoso, assessor especial de direitos humanos do Ministério Público, disse que, no seu
entendimento, o coronel não deveria ter o direito de recorrer em
liberdade da condenação do júri.
"Ele [Ubiratan" poderia fugir do
país", afirmou Cardoso, que
acompanhou os trabalhos dos
promotores Felipe Locke Cavalcanti e Joia desde o primeiro dia
do julgamento.
O Ministério Público usou das
próprias normas de operação da
Polícia Militar para convencer os
jurados a condenar o coronel.
"Havia alguém ali que quis ser
superior a tudo, que não seguiu o
que era obrigação dele, que não
seguiu as normas militares", afirmou Cavalcanti aos jurados, na
fase final dos debates.
Segundo a promotoria, o coronel escolheu um tipo de tropa inadequado para a invasão ao pavilhão nove do Carandiru e armas
como metralhadoras e fuzis, que
são impróprias para aquele tipo
de operação.
Além disso, conforme disse o
promotor, o coronel desrespeitou
os procedimentos de segurança
da corporação.
Um plano de intervenção na
Casa de Detenção, de agosto de 92
-dois meses antes do massacre-, previa a ação imediata do
3º Batalhão de Choque, equipado
com escudos e cassetetes.
Em vez disso, Ubiratan mandou
primeiro as equipes do 1º Batalhão, composto principalmente
da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar). Esse efetivo, conforme as normas, deveria ser tropa auxiliar, empregada do lado
externo das prisões.
As mesmas recomendações estipulavam o uso de metralhadoras ""sempre" no sistema de tiro
intermitente, um atrás do outro, e
não em rajadas, como se viu dentro da Casa de Detenção.
Assim seguiu o Ministério Público, nos dez dias de julgamento,
afirmando que Ubiratan assumiu
o risco de produzir as mortes, por
suas falhas no comando da tropa.
"Confio em Deus que fizemos a
coisa certa", disse Joia.
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