São Paulo, quinta-feira, 01 de julho de 2004

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Estatuto é "primeiro passo", diz médica

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A pesquisadora Vilma Gawryszewski, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, afirmou que o Estatuto do Idoso, sancionado em outubro de 2003 para garantir direitos e estipular deveres para melhorar a vida dessas pessoas, é um "primeiro passo" para a conscientização de que a terceira idade precisa ser mais bem atendida.
Mas, segundo a médica, a prevenção está ainda posta em segundo plano. "Falta uma política pública direcionada também para as causas externas", afirmou.
De acordo ela, essa questão não deve ser assunto apenas da saúde pública. Um exemplo citado pela médica, no caso do trânsito, diz respeito ao tempo do sinal de pedestre, que raramente é suficiente para um idoso atravessar a rua. Por isso, afirmou que a segurança pública e a engenharia de trânsito devem participar também.
Para Gawryszewski, a prevenção deve existir até dentro das casas. Muitas quedas ocorrem por causa de pisos escorregadios, má iluminação e mobília instável.
O estudo cita um dado de 1998 da Organização Mundial de Saúde, pelo qual "88% dos óbitos por acidentes de transporte ocorrem nos países com baixa e média renda" e que, além dos fatores de risco desse tipo de acidente, "dificuldades nos recursos e acesso à assistência médica podem contribuir para tal mortalidade".
Sobre isso, a médica disse: "O atendimento pré-hospitalar tem melhorado bastante, mas em várias capitais ainda é um problema. O resgate [veículos de socorro médico] é um avanço inegável. Talvez em algumas cidades seja insuficiente".
Reforçando a necessidade da prevenção, o estudo diz que boa parte da população idosa do país (cerca de 14 milhões, ou 9% da população total) ainda é responsável pelo sustento das famílias -segundo o IBGE, são quase 9 milhões nessa situação-, o que tem importante reflexo na economia, especialmente em tempos de retração e desemprego.
"Essa população precisa ser olhada e protegida. Mudou o enfoque, o idoso já não é mais uma carga, muitas vezes ele é grande fonte de renda daquela família inteira", disse a pesquisadora. (PAULO PEIXOTO)


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