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SOB SUSPEITA
Chefe da Divisão Anti-Seqüestro da gestão Alckmin é suspeito de ter recebido propina; defesa diz que provará inocência
Diretor da Polícia Civil paulista vira réu
ANDRÉ CARAMANTE
DO "AGORA"
Por decisão da Justiça de São
Paulo, o diretor da Divisão Anti-Seqüestro (DAS), delegado Wagner Giudice, que integra a elite da
polícia do governo Geraldo Alckmin (PSDB), é, desde ontem, réu
em um processo de corrupção.
Giudice foi denunciado pelo
Ministério Público sob a acusação
de corrupção. Ele é suspeito de receber dinheiro do professor de direito civil da USP Alcides Tomasetti Júnior para não indiciá-lo no
inquérito policial sobre a morte
da mulher dele, a procuradora do
Estado Denise Piovani, em 1996.
Os advogados do delegado e do
professor negam as acusações.
Giudice sentará no banco dos
réus da 14ª Vara Criminal, no Fórum da Barra Funda (zona oeste
de SP), no dia 12 de agosto. Ao lado do delegado estarão o perito
Paulo Villa Hutterer e o ex-escrivão Marcelo Rodrigues Dantas.
Em 1997, os três faziam parte da
equipe do DHPP (departamento
de homicídios) que investigou a
morte da procuradora. Giudice
era o responsável pelos trabalhos.
Os demais eram seus subordinados. Posteriormente, outro delegado assumiu o caso e indiciou o
professor por homicídio.
Denise foi encontrada morta
com um tiro no rosto no apartamento onde vivia com Tomasetti
Júnior, em 9 de dezembro de 1996.
No ano seguinte, Giudice passou
a comandar as investigações sobre a morte que, segundo o professor, foi suicídio -versão contestada pela família da vítima. O
processo ainda tramita na Justiça.
A denúncia de crime de corrupção contra Giudice, Dantas, Hutterer e Tomasetti Júnior, aceita
ontem pelo juiz Pedro Luiz Aguirre Menin, aponta que o professor
teria dado dinheiro aos três policiais para que supostas provas de
um homicídio não fossem anexadas ao inquérito sobre o caso.
Se for condenado por corrupção passiva, Giudice pegará uma
pena de até oito anos de prisão,
com acréscimo de um terço por
deixar de cumprir atos relacionados ao cargo de policial. Durante a
investigação sobre o suposto crime de Giudice, o Promotoria
apontou a possibilidade de ele ter
comprado em 1997 um apartamento no Paraíso (zona sul) com
dinheiro de Tomasetti Júnior.
Na época, Giudice deu cerca de
R$ 37 mil de entrada para a compra do imóvel, avaliado em R$ 120
mil. Giudice se defende, dizendo
que também era consultor de
uma empresa de segurança.
O sigilo bancário de todos os envolvidos foi quebrado pela Justiça. De acordo com a denúncia da
Promotoria, entre dezembro de
1996 e janeiro de 1999 "Giudice
passou a ter imensa movimentação financeira bancária, totalmente incompatível com os ganhos de um delegado".
Para o Ministério Público, Tomasetti Júnior também pagou R$
25 mil para que o perito Hutterer
elaborasse um laudo falso e apontasse que Denise Piovani havia se
matado. Na mesma época, o então escrivão Dantas comprou um
terreno de R$ 10 mil, um Fiat Palio
por R$ 14 mil e recebeu um depósito de R$ 20 mil. Seis meses depois, Dantas pediu exoneração e
foi para Mato Grosso do Sul.
A Promotoria diz que os extratos bancários dos três acusados e
do professor mostram que, sempre que saía uma quantia da conta
de Tomasetti Júnior, o mesmo valor aparecia na dos policiais.
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