São Paulo, sábado, 01 de julho de 2006

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Jogo ameaça esvaziar casamentos hoje

Com medo de perder convidados para a partida contra a França, às 16h, casais improvisam até telão na entrada de igreja

Professora de educação física, que marcou cerimônia há dois anos, chegou a torcer para que Brasil fosse eliminado

Eduardo Knapp/Folha Imagem
O casal Mariana e Rogério Morgado, que vai colocar uma TV na frente da capela onde irá se casar


AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Enquanto praticamente todos os brasileiros estiverem em frente à TV, na torcida para o Brasil no jogo contra a França, a microempresária Mariana Morgado, 28, e o militar reformado Rogério Morgado, 37, estarão torcendo para que os convidados apareçam para o seu casamento, em uma capela do Ipiranga (zona sul de SP).
Há cerca de três meses, os dois decidiram casar hoje, às 16h. Como têm a concessão da cantina de um colégio, quiseram aproveitar o primeiro dia de férias para fazer a cerimônia e, depois, poder curtir a lua-de-mel tranqüilamente.
O padre, amigo do casal, viaja hoje à noite para um seminário e só volta no final do mês. "Apenas quando o Mundial começou percebi que isso poderia acontecer, mas já não tinha como mudar", disse a noiva, que adora futebol e é são-paulina roxa. Mariana não irá vestida com a camisa do Brasil, mas, por via das dúvidas, a levará para dar sorte. "Assisti a todos os jogos da Copa com ela."
O noivo, que só entende de jogo de computador, não está preocupado com o desempenho da seleção, mas com a falta de quórum na cerimônia. "Eu conheço o meu gado. Aposto que a maioria dos convidados vai ficar do lado de fora da capela, vendo o jogo. Mas, se meu pai não entrar, eu o mato!"
Para não deixar os convidados sem saber o resultado do primeiro tempo, eles tentarão colocar um telão do lado de fora da capela. Se não conseguirem, apelarão para uma TV.
A professora de educação física Sheila Pellegrino, 27, também casará durante o jogo, mas no segundo tempo. A cerimônia está marcada para as 17h. "Provavelmente, vai dar uma certa confusão por ser na mesma hora do jogo. Mas não cogitei adiar o casamento porque marquei a data com dois anos de antecedência", disse ela, que casará na disputada igreja São José, no Jardim Europa.
Outra igreja concorridíssima, a Nossa Senhora do Brasil, no Jardim América, terá cerimônias às 17h, 18h, 19h e 20h. Nenhuma foi cancelada.
"Não havíamos calculado a possibilidade de o casamento cair em dia de jogo do Brasil na Copa. Torci para Gana [se o Brasil perdesse, estaria desclassificado] na última partida, mas não deu certo", afirmou.
A psicanalista Antonieta Whately não torceu contra o Brasil, mas para que o time ficasse em segundo lugar no seu grupo. Assim, a data do jogo não coincidiria com o seu casamento, que acontece hoje na hora do almoço. "Não cogitei mudar o casamento para o domingo, mas como muita gente tem perguntado se será possível assistir ao jogo, colocaremos um telão no local."
Mas ela não esconde o desapontamento por ter de competir com a seleção de Parreira. "Deu uma certa frustração de ter no mesmo dia do casamento um evento de futebol importante como este."
Daniela Serra, 29, que havia marcado o casamento para as 17h30, conseguiu atrasar o horário da cerimônia para as 19h. "O jogo nem aconteceu e já me atrapalhou. Precisei mudar tudo por causa da partida."
Para ela, alterar o horário da cerimônia na igreja Pentecostal Unida, em Interlagos, não foi tão difícil. O maior problema ocorreu no cabeleireiro. "Por causa do jogo, os profissionais não queriam trabalhar. Mas entramos num acordo. Assistirei ao jogo com eles no salão e, depois, terminam de me arrumar." Mas uma de suas madrinhas não conseguiu negociar. Precisará arrumar o cabelo ao meio-dia, porque o salão vai fechar à tarde. Vai torcer para o penteado agüentar até o momento da celebração.


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