São Paulo, sábado, 01 de julho de 2006

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PM acha serra e droga na prisão de Marcola

Material foi encontrado, pela 1ª vez, na penitenciária de segurança máxima de Presidente Bernardes, considerada modelo

Vistoria foi feita por agentes e pela tropa de choque após tumulto organizado por detentos que destruiu parte das instalações da unidade

CRISTIANO MACHADO
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM PRESIDENTE PRUDENTE

A descoberta de uma serra e de cinco porções de maconha na penitenciária de segurança máxima de Presidente Bernardes (589 km a oeste de SP), onde está Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo da facção criminosa PCC, colocou em xeque a segurança e o rigor da prisão, considerada modelo pelo governo paulista.
O material foi encontrado na madrugada de ontem por agentes penitenciários, escoltados pela Tropa de Choque da Polícia Militar, após cerca de sete horas de vistoria.
A blitz ocorreu após um tumulto -o terceiro registrado desde a inauguração da penitenciária, em abril de 2002. Durante a confusão, anteontem, presos destruíram instalações da penitenciária. É a primeira vez, no entanto, que há apreensão de droga e serra no local.
Segundo a assessoria da SAP (Secretaria de Administração Penitenciária), a serra tinha cerca de 7 cm e a maconha -a quantidade não foi revelada- estava em um colchão.
A secretaria não se pronunciou sobre a falha na segurança, mas informou que vai apurar o episódio.

Destruição
Durante o tumulto de anteontem, os presos quebraram 25 vidros de janelas, quatro pias, três vasos sanitários, 12 guichês por onde são entregues as refeições e 50 grades de ventilação instaladas na parte superior das portas de aço.
Por causa da destruição, a direção da unidade proibiu visitas por dez dias. Canetas, calçados, espelhos e lâminas de barbear foram retirados das celas.
Na penitenciária vigora o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), considerado o mais rígido do país.
O tumulto começou quando promotores chegaram à unidade para ouvir Marcola sobre a morte do bombeiro João Alberto da Costa, uma das vítimas dos ataques de maio.
Após ser retirado da cela, os demais presos da ala de Marcola começaram a bater nas portas de aço, quebrar vidros e gritar, ameaçando os agentes.
Os presos interromperam o tumulto duas horas depois, após os promotores deixarem o presídio sem ouvir Marcola, por causa da ausência de seus advogados.
Por volta das 21h30, a tropa de choque da PM entrou no presídio para uma vistoria.

Laudo sobre gravação
Um laudo do IC (Instituto de Criminalística) concluiu que não é de Marcola a voz veiculada em entrevista feita por celular pelo jornalista Roberto Cabrini, da TV Bandeirantes, e exibida em maio último.
Por meio de um telefone celular, Cabrini e o interlocutor, identificado como Marcola, falaram sobre a maior onda de ataques contra as forças de segurança já realizada no Estado.
Na ocasião, o entrevistado afirmou que a facção determinou a realização da megaoperação porque "os direitos dos presos não foram cumpridos".
Segundo informações divulgadas ontem pelo Tribunal de Justiça, a juíza auxiliar do Decrim (Departamento de Execuções Criminais e Corregedoria dos Presídios), Isaura Cristina Barreira, decidiu na última quarta enviar à 1ª Delegacia Seccional da Polícia Civil uma cópia do laudo.
A seccional deverá apresentar informações sobre o inquérito que apura o delito de apologia ao crime ou ao criminoso, além de enviar à Justiça cópia do depoimento do jornalista.
Após a veiculação da entrevista, Cabrini disse ter sido autorizado por integrantes da cúpula da facção -também por meio de telefones celulares- a falar com o líder do PCC. Ele chegou a mencionar que, nas ligações em que negociou a concessão da entrevista, os criminosos evitavam dizer o nome de Marcola.

Outro lado
A Band divulgou nota afirmando que o laudo do IC "está longe de ser a última palavra sobre o assunto". A emissora disse ter encaminhado a perícia ao professor Ricardo Molina, da Unicamp.
Segundo a Band, o advogado que cuida do caso, Cid Vieira de Souza Filho, considera o laudo "imprestável porque não apresenta qualquer evidência de ordem técnica que permita uma conclusão a respeito do material analisado". Cabrini, ainda segundo a nota, está na cobertura da Copa e falará sobre o assunto quando voltar.


Colaborou a Folha Online


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