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PM acha serra e droga na prisão de Marcola
Material foi encontrado, pela 1ª vez, na penitenciária de segurança máxima de Presidente Bernardes, considerada modelo
Vistoria foi feita por agentes e pela tropa de choque após tumulto organizado por detentos que destruiu parte das instalações da unidade
CRISTIANO MACHADO
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM PRESIDENTE PRUDENTE
A descoberta de uma serra e
de cinco porções de maconha
na penitenciária de segurança
máxima de Presidente Bernardes (589 km a oeste de SP), onde está Marcos Willians Herbas
Camacho, o Marcola, líder máximo da facção criminosa PCC,
colocou em xeque a segurança e
o rigor da prisão, considerada
modelo pelo governo paulista.
O material foi encontrado na
madrugada de ontem por agentes penitenciários, escoltados
pela Tropa de Choque da Polícia Militar, após cerca de sete
horas de vistoria.
A blitz ocorreu após um tumulto -o terceiro registrado
desde a inauguração da penitenciária, em abril de 2002. Durante a confusão, anteontem,
presos destruíram instalações
da penitenciária. É a primeira
vez, no entanto, que há apreensão de droga e serra no local.
Segundo a assessoria da SAP
(Secretaria de Administração
Penitenciária), a serra tinha
cerca de 7 cm e a maconha -a
quantidade não foi revelada-
estava em um colchão.
A secretaria não se pronunciou sobre a falha na segurança,
mas informou que vai apurar o
episódio.
Destruição
Durante o tumulto de anteontem, os presos quebraram
25 vidros de janelas, quatro
pias, três vasos sanitários, 12
guichês por onde são entregues
as refeições e 50 grades de ventilação instaladas na parte superior das portas de aço.
Por causa da destruição, a direção da unidade proibiu visitas por dez dias. Canetas, calçados, espelhos e lâminas de barbear foram retirados das celas.
Na penitenciária vigora o
RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), considerado o mais
rígido do país.
O tumulto começou quando
promotores chegaram à unidade para ouvir Marcola sobre a
morte do bombeiro João Alberto da Costa, uma das vítimas
dos ataques de maio.
Após ser retirado da cela, os
demais presos da ala de Marcola começaram a bater nas portas de aço, quebrar vidros e gritar, ameaçando os agentes.
Os presos interromperam o
tumulto duas horas depois,
após os promotores deixarem o
presídio sem ouvir Marcola,
por causa da ausência de seus
advogados.
Por volta das 21h30, a tropa
de choque da PM entrou no
presídio para uma vistoria.
Laudo sobre gravação
Um laudo do IC (Instituto de
Criminalística) concluiu que
não é de Marcola a voz veiculada em entrevista feita por celular pelo jornalista Roberto Cabrini, da TV Bandeirantes, e
exibida em maio último.
Por meio de um telefone celular, Cabrini e o interlocutor,
identificado como Marcola, falaram sobre a maior onda de
ataques contra as forças de segurança já realizada no Estado.
Na ocasião, o entrevistado
afirmou que a facção determinou a realização da megaoperação porque "os direitos dos presos não foram cumpridos".
Segundo informações divulgadas ontem pelo Tribunal de
Justiça, a juíza auxiliar do Decrim (Departamento de Execuções Criminais e Corregedoria
dos Presídios), Isaura Cristina
Barreira, decidiu na última
quarta enviar à 1ª Delegacia
Seccional da Polícia Civil uma
cópia do laudo.
A seccional deverá apresentar informações sobre o inquérito que apura o delito de apologia ao crime ou ao criminoso,
além de enviar à Justiça cópia
do depoimento do jornalista.
Após a veiculação da entrevista, Cabrini disse ter sido autorizado por integrantes da cúpula da facção -também por
meio de telefones celulares- a
falar com o líder do PCC. Ele
chegou a mencionar que, nas ligações em que negociou a concessão da entrevista, os criminosos evitavam dizer o nome
de Marcola.
Outro lado
A Band divulgou nota afirmando que o laudo do IC "está
longe de ser a última palavra
sobre o assunto". A emissora
disse ter encaminhado a perícia
ao professor Ricardo Molina,
da Unicamp.
Segundo a Band, o advogado
que cuida do caso, Cid Vieira de
Souza Filho, considera o laudo
"imprestável porque não apresenta qualquer evidência de ordem técnica que permita uma
conclusão a respeito do material analisado". Cabrini, ainda
segundo a nota, está na cobertura da Copa e falará sobre o assunto quando voltar.
Colaborou a Folha Online
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