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SP renova frota com ônibus ultrapassado
74% dos veículos novos adquiridos pelas viações em 2006 têm motor dianteiro, prejudiciais à saúde dos motoristas
Legislação só permite essa característica em situações excepcionais; problema é generalizado desde a gestão da petista Marta Suplicy
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
As empresas de ônibus superaram a meta de renovação da
frota fixada há três meses pela
gestão José Serra/Gilberto
Kassab, mas, com aval da prefeitura, adquiriram e colocaram nas ruas majoritariamente
veículos com motor dianteiro,
considerados ultrapassados e
prejudiciais à saúde e ao conforto dos motoristas.
Esses ônibus são mais baratos e deveriam operar só em casos excepcionais, conforme
uma lei municipal e as próprias
normas técnicas da SPTrans
(São Paulo Transporte). No entanto, 74% dos 180 comprados
pelas viações e fabricados em
2006 têm essa característica.
O problema se repete em larga escala desde a gestão Marta
Suplicy (PT). Da frota de 4.027
veículos fabricada de 2001 a
2004 e que está nas ruas da capital paulista, 78% têm motor
dianteiro, desvirtuando a legislação vigente.
Só os fabricados em 2005,
que se limitam a 161 ônibus,
apresentam tendência diversa.
Esse tipo de veículo, embora
seja comum no Brasil inteiro, é
combatido por técnicos por ser
prejudicial e desconfortável
principalmente aos motoristas,
mas também aos passageiros.
Pesquisas já apontaram que
esses trabalhadores, expostos
ao calor e ao barulho do motor,
chegam a perder parte da audição, dentre outros problemas.
Em 2003, uma lei sancionada
pela então prefeita Marta Suplicy proibia novas aquisições
de ônibus com motor dianteiro
para operar na capital, além de
estabelecer a troca gradual dos
existentes.
Os manuais técnicos da
SPTrans já fixavam desde os
anos 90 essa normatização.
A lei foi alterada em seguida,
com a inclusão de um parágrafo
que previa excepcionalidades
para casos em que laudos da
SPTrans apontassem que a
operação com motor traseiro
ou central não era adequada.
A justificativa principal das
viações para manter esses veículos é a situação das vias paulistanas, especialmente na periferia. As empresas alegam
que, por serem mais altos, os
ônibus com motor dianteiro
são os únicos que conseguem
acessar áreas esburacadas e
com pavimentação precária.
Tanto antes como depois da
lei, aquilo que deveria ser exceção virou regra e, de cada quatro ônibus novos adquiridos em
São Paulo, três têm essa característica tida por ultrapassada.
O problema é agravado porque, por serem zero-quilômetro, vai demorar para que esses
veículos sejam trocados.
O secretário dos Transportes, Frederico Bussinger, reconheceu ontem que a circulação
desses ônibus não é ideal, mas
negou que sejam obsoletos.
"Não é por ter sido lançada a
máquina digital que a outra é
ultrapassada", comparou ele,
acrescentando ser mais fácil a
aquisição dos veículos com motor dianteiro e piso alto porque
"a indústria tem na prateleira".
Ele fez um balanço da renovação da frota pelas viações.
Em abril, após críticas ao fato
de serem mantidos ônibus com
mais de dez anos de uso, em desacordo com as regras contratuais, a prefeitura e as empresas fecharam um acordo que fixou um cronograma para a troca dos veículos mais antigos.
Pelo acerto, 105 ônibus, fabricados em 1991, 1992 e 1993,
deveriam ser substituídos até
30 de junho. A meta foi superada e, desde então, 138 novos foram adquiridos. A próxima etapa da renovação da frota expira
em 31 de dezembro, quando
584 veículos deverão ter sido
trocados. Até 2008, serão 3.318.
O acordo prevê, como incentivo, um adicional de remuneração para cada ônibus novo -e
desconto nos pagamentos de
quem não renovar a frota.
A previsão da gestão Kassab é
que, em janeiro de 2007, esse
adicional corresponda a um
acréscimo superior a 3% na remuneração das empresas.
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