São Paulo, domingo, 01 de julho de 2007

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Especialistas vêem risco de trauma e doença

Para eles, jovens e crianças do complexo do Alemão podem desenvolver depressão e alcoolismo, entre outros problemas

Situação atual no local é comparada à vivida por pessoas que moram em zonas de confronto, como a Faixa de Gaza e o Iraque

DA SUCURSAL DO RIO

Especialistas dizem que crianças e jovens submetidos a experiências como a do complexo do Alemão podem desenvolver estresse pós-traumático, com risco de apresentar doenças como depressão, síndrome de pânico e alcoolismo.
Dizem ainda que esses jovens do Alemão vivem experiência semelhante daqueles que moram em áreas de guerra.
Coordenadora do departamento de psicoterapia da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), Vera Lemgruber adverte que as crianças e adolescentes que vivem na região de conflito do Alemão podem desenvolver o transtorno de estresse pós-traumático.
Esse tipo de estresse começou a ser estudado durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), em razão do choque das granadas, do barulho dos explosivos e dos estilhaços que atingiram o corpo das vítimas da guerra.
"No início dos estudos acreditava-se que o transtorno pós-traumático estava ligado a esses sons. Mas, com o fim da guerra do Vietnã (1964-1975), descobriu-se que o transtorno estava ligado à ameaça de integridade da própria vida ou da de alguém próximo, com quem se tem laços afetivos. O conflito no Alemão pode gerar esse estresse nos jovens que lá vivem."
A psiquiatra destacou que o transtorno de estresse pós-traumático também pode provocar depressão, síndrome do pânico e alcoolismo.
Já o chefe do setor de Neuropsiquiatria Infanto-Juvenil da Santa Casa do Rio, Fábio Barbirato, disse que a juventude do Alemão vive tormento semelhante ao de jovens de áreas de conflito permanente, como o Iraque e a Faixa de Gaza.
"Essas crianças são filhos da guerra. Não há diferença. Aqui, como no Oriente Médio, a disputa é pelo território. Os traficantes disputam pontos para venda de drogas. O sofrimento e a violência são os mesmos."


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