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Especialistas vêem risco de trauma e doença
Para eles, jovens e crianças do complexo do Alemão podem desenvolver depressão e alcoolismo, entre outros problemas
Situação atual no local é comparada à vivida por pessoas que moram em zonas de confronto, como a Faixa de Gaza e o Iraque
DA SUCURSAL DO RIO
Especialistas dizem que
crianças e jovens submetidos a
experiências como a do complexo do Alemão podem desenvolver estresse pós-traumático,
com risco de apresentar doenças como depressão, síndrome
de pânico e alcoolismo.
Dizem ainda que esses jovens
do Alemão vivem experiência
semelhante daqueles que moram em áreas de guerra.
Coordenadora do departamento de psicoterapia da ABP
(Associação Brasileira de Psiquiatria), Vera Lemgruber adverte que as crianças e adolescentes que vivem na região de
conflito do Alemão podem desenvolver o transtorno de estresse pós-traumático.
Esse tipo de estresse começou a ser estudado durante a
Primeira Guerra Mundial
(1914-1918), em razão do choque das granadas, do barulho
dos explosivos e dos estilhaços
que atingiram o corpo das vítimas da guerra.
"No início dos estudos acreditava-se que o transtorno pós-traumático estava ligado a esses sons. Mas, com o fim da
guerra do Vietnã (1964-1975),
descobriu-se que o transtorno
estava ligado à ameaça de integridade da própria vida ou da de
alguém próximo, com quem se
tem laços afetivos. O conflito
no Alemão pode gerar esse estresse nos jovens que lá vivem."
A psiquiatra destacou que o
transtorno de estresse pós-traumático também pode provocar depressão, síndrome do
pânico e alcoolismo.
Já o chefe do setor de Neuropsiquiatria Infanto-Juvenil
da Santa Casa do Rio, Fábio
Barbirato, disse que a juventude do Alemão vive tormento semelhante ao de jovens de áreas
de conflito permanente, como
o Iraque e a Faixa de Gaza.
"Essas crianças são filhos da
guerra. Não há diferença. Aqui,
como no Oriente Médio, a disputa é pelo território. Os traficantes disputam pontos para
venda de drogas. O sofrimento
e a violência são os mesmos."
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