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Teste indica alta taxa de sal em "sopões"
Pesquisa mostra que sopas vendidas em supermercados chegam a ter 50% da quantidade de sal recomendada para o consumo diário
Excesso do produto na alimentação está ligado a um risco maior de desenvolver doenças cardiovasculares e também hipertensão
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma única porção de sopa
desidratada, vendida nos supermercados, chega a ter 50%
da quantidade de sal recomendada para o consumo diário -5
g, segundo a OMS (Organização
Mundial de Saúde). O excesso
de sal na alimentação está relacionado a um maior risco de hipertensão e de doenças cardiovasculares.
A revelação vem de um teste
feito pela Associação Brasileira
de Defesa do Consumidor (Pro
Teste) com marcas de sopas de
carne e galinha, vendidas em
pacotes para seis porções -os
chamados "sopão" e "canjão".
As marcas avaliadas foram:
Arisco, Extra, Kitano, Knorr,
Maggi, Jurema e Qualimax.
Em todas as sopas analisadas
pela Pro Teste havia mais de 2 g
de sal por porção. Os valores variaram de 2,39 g (sopão de galinha, da Qualimax) a 3,55 g (sopão de carne, da Kitano). Se a
pessoa repetir o prato, a quantidade de sal ingerida também
duplica, superando a quantidade máxima de sódio recomendada para o dia.
"O valor é muito alto se pensarmos que esse tipo de sopa,
pelos poucos nutrientes que
oferece, é apenas um complemento alimentar", afirma a engenheira de alimentos da Pro
Teste, Vivian Andrade.
Associado a uma série de
problemas de saúde, o sal tem
sido alvo de várias ações na
área. Ano passado, a Associação
Médica Americana pediu ao
FDA (agência responsável pela
regulamentação de alimentos e
remédios nos Estados Unidos)
que mudasse o status do sal, até
agora considerado uma substância de consumo seguro.
Além disso, a associação quer
reduzir pela metade a quantidade de sódio em alimentos
processados. No Canadá, o guia
de alimentação desenvolvido
pelo governo segue o mesmo
caminho. Na edição deste ano,
traz recomendações para diminuir o sal na alimentação.
No Brasil, não há normas que
estabeleçam o nível seguro de
sal nos alimentos. O Guia Alimentar para a População Brasileira (2005) faz a mesma recomendação da OMS: a ingestão
diária não deve ultrapassar 5 g.
O sal não traz só malefícios.
Ele é necessário para o equilíbrio dos fluidos corporais e para a transmissão de impulsos
nervosos. O problema é que o
paladar se adaptou tanto a ele
que o consumo se tornou excessivo. Atualmente, o brasileiro consome em média 10 g de
sal por dia -o equivalente a
quatro colheres.
Segundo o nutrólogo Edson
Credidio, diretor da Associação
Brasileira de Nutrologia, a elevada ingestão de sal faz o organismo reter mais líquidos e aumentar de volume e leva ao aumento da pressão sangüínea,
causando a hipertensão. "O
consumo excessivo de sal pode
também sobrecarregar os rins."
Ele recomenda: "Para evitar
o excesso de sal, o melhor é se
acostumar desde cedo. Crianças que comem preparações
com temperos mais leves têm
menos risco de desenvolver
doenças cardiovasculares
quando se tornarem adultas".
Glutamato
A Pro Teste também considerou altos os níveis de glutamato monossódico -substância aromatizante que realça o sabor das carnes- nas sopas
avaliadas, em torno de 30 g para cada quilo de alimento.
A legislação brasileira não estabelece um limite seguro de
adição da substância. De acordo com resolução da Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária), "o limite de uso é
em quantidade suficiente para
obter o efeito desejado". Para a
FAO (Organização das Nações
Unidas para Alimentação e
Agricultura), trata-se de um ingrediente seguro para o consumo humano.
Já a lei espanhola, por exemplo, considera aceitável 1 g de
glucamato por quilo do produto. Há suspeitas de que o consumo excessivo de glutamato esteja relacionado a um maior risco de doenças degenerativas
do cérebro, como isquemia, Alzheimer e Parkinson. Mas não
existem estudos conclusivos
sobre isso.
Segundo Credidio, o problema mais freqüente do glucamato, quando ingerido em excesso, é causar a redução e até eliminar o sentido da gustação da
língua. "Ele pode eliminar totalmente a capacidade de identificar o sabor do alimento, se é
amargo, doce, quente ou frio",
explica o especialista.
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