São Paulo, terça-feira, 01 de julho de 2008

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Caminhoneiros reagem a restrição e param marginal

Em dez horas, 891 motoristas foram multados por desrespeitar nova proibição

Apesar de férias escolares, gestão Kassab comemora queda nos índices de congestionamento até as 15h; trânsito piora à tarde

DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um protesto de caminhoneiros nas marginais Tietê e Pinheiros abafou os impactos do primeiro dia de restrição ao transporte de cargas em São Paulo, bandeira do prefeito Gilberto Kassab (DEM) contra a deterioração do trânsito.
A manifestação, articulada por trabalhadores e patrões afetados pelas novas limitações às entregas na capital paulista das 5h às 21h, contribuiu para uma piora de até 20% do trânsito à tarde em relação às outras segundas-feiras de junho.
O ato chegou a interromper totalmente a passagem de veículos na pista expressa da marginal Tietê. Houve tumulto e confronto com a PM quando dois manifestantes se deitaram na pista. Foram retirados a golpes de cassetete e empurrões.
Apesar dos transtornos, a gestão Kassab comemorou uma queda média de 40% nos índices de congestionamento da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) das 7h30 às 15h, na comparação com três segundas-feiras de julho do ano passado, e fez questão de atribuir os resultados à restrição mais severa aos caminhões.
A redução, porém, é relativizada por técnicos de trânsito devido ao início das férias escolares, que provocam uma diminuição média de 20% dos engarrafamentos -no período da manhã, a diminuição chega a beirar 70% em alguns horários, conforme levantamento da Folha com dados de 2004 a 2006.
A nova restrição deixou confusos ontem comerciantes e transportadores, inclusive de outros Estados, que diziam desconhecer a mudança.
No balanço da fiscalização das 5h às 15h, a CET diz que houve 891 multas, sendo 795 aplicadas por 501 agentes da CET e 96 pelos da PM. A punição, no valor de R$ 85,13, pode ser aplicada a cada duas horas.
O feirante Rogério di Sessa, 32, ficou parado em casa às 19h porque não sabia se podia circular da zona leste ao mercadão, no centro. Só após quatro tentativas conseguiu falar no telefone 156. Mas a atendente não soube lhe explicar. O jeito foi esperar até as 21h para ter a certeza de que não seria multado. "Nesse horário eu já devia ter ido embora. Acordo cedo."
A gestão Kassab previa a saída de circulação de 85 mil dos 210 mil caminhões que circulam de dia, além de melhoria próxima de 15% da fluidez.
Pela nova lei, os caminhões não podem circular numa área de 100 km2 das 5h às 21h. Entre os afetados estão as entregas de materiais de construção, eletrodomésticos e móveis. Há exceções, estimadas em até 10%, como caminhões de mudança.
Até a última semana os caminhões de médio e de grande porte já enfrentavam limitações numa área de 25 km2.
Desde ontem, além da ampliação do trecho de restrição, veículos de carga com até 6,30 metros passaram a ser atingidos -por um rodízio de placas.

Protesto e tumulto
O protesto dos caminhoneiros ontem durou das 12h40 às 17h. Eles percorreram a pista local da marginal Tietê, enfileirados, ocupando duas das três faixas. Chegaram a parar por duas horas a via, perto da ponte Vila Guilherme (zona norte).
A intenção do grupo de 44 caminhões era chegar até a sede da prefeitura, no centro -onde encontrariam mais 50 caminhões, que partiram de outros três pontos da cidade e percorreram a marginal Pinheiros. Mas a PM impediu a carreata.
Com a via bloqueada, manifestantes encomendaram esfihas para recebê-las em plena marginal Tietê engarrafada -onde as comeram enquanto negociavam com a polícia.
Oito carros da PM e 45 policiais escoltaram a manifestação, liderada pela Aster (Associação das Empresas de Terraplenagem) e pelo Sindicapro (sindicato dos condutores em transportes de cargas próprias), ligado à UGT (União Geral dos Trabalhadores).
O ato teve apoio do sindicato dos empregados no comércio, ligado à Força Sindical, presidida pelo deputado federal Paulinho (PDT) -que apóia a ex-prefeita Marta Suplicy (PT).
Às 14h, o grupo foi impedido pela PM de prosseguir. Transtornado, o presidente do Sindicapro, Almir Macedo, desceu do carro de som e invadiu a via. "Vou chegar na prefeitura, senão vamos parar São Paulo."
Dois manifestantes se deitaram na pista. Foram agredidos pela polícia, e a via só foi liberada após o uso de spray de pimenta. "Não houve agressão. Foi um procedimento normal de liberação da via", disse o major Ricardo Fernandes, da PM.
(ALENCAR IZIDORO, RICARDO SANGIOVANNI, CINTHIA RODRIGUES, KLEBER TOMAZ, GIULLIANA BIANCONI)


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