São Paulo, quarta-feira, 01 de julho de 2009

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Greve na USP acaba após 57 dias sem o reajuste exigido

Decisão foi tomada por servidores e docentes; alunos decidem manter a paralisação

Funcionários conseguiram reajuste menor e melhorias periféricas, como aumento do vale-alimentação; movimento perdeu força


Leonardo Wen/Folha Imagem
Funcionários da USP votam pelo fim da greve, no campus

TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Funcionários e docentes da USP decidiram ontem encerrar a greve, iniciada há 57 dias pelos servidores e que em 5 de junho ganhou a adesão de professores e estudantes, em apoio.
À noite, em votação apertada (150 a 147 votos), os alunos decidiram manter a paralisação -oficialmente, as aulas terminaram no último sábado.
Os funcionários não conseguiram as principais reivindicações (reajuste de 16% e readmissão de um sindicalista demitido). Tiveram apenas melhorias periféricas -como aumento do vale alimentação.
Nos últimos dias, a paralisação, sempre restrita a apenas algumas unidades (como FFLCH, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, e ECA, Escola de Comunicação e Artes), vinha perdendo força.
A participação nas assembleias, por exemplo, caiu. No auge do movimento, após confronto com a PM, 400 docentes e 500 funcionários participaram das reuniões, em maio.
Ontem, participaram das assembleias 120 professores (de um total de 5.000) e 300 servidores (de um total de 15 mil). Nas duas reuniões, foram menos de cinco votos contrários ao fim da greve. Na assembleia dos alunos, havia cerca de 300 pessoas (de um total de 80 mil) e a diferença foi de três votos.
Os alunos que votaram pela manutenção da greve reivindicam a saída da reitora Suely Vilela -em assembleia anterior, os estudantes decidiram que só voltariam a negociar após a renúncia dela- e a democratização da universidade.
A direção do Sintusp (sindicato dos funcionários) defendeu a suspensão do protesto por avaliar que não conseguiria conquistar as exigências e que ainda poderia perder algumas garantias dadas pela reitoria (não punição aos grevistas e não desconto dos dias parados).
Durante os protestos, o sindicato organizou piquetes em unidades da universidade, para forçar a adesão ao movimento.
Chegou a haver brigas entre grevistas e não-grevistas. Em reação, a reitoria solicitou a presença da PM, para evitar os bloqueios. A tensão fez com que houvesse confronto entre policiais e manifestantes dentro da Cidade Universitária pela primeira vez desde a década de 60. Dez ficaram feridos.
"As reivindicações fundamentais não foram atendidas. Faltou um pouco de mobilização nas demais universidades [Unesp e Unicamp]", disse Magno de Carvalho, diretor do sindicato. Parte das reivindicações era unificada. Os servidores da Unicamp saíram da greve na semana passada.
"Mas houve vitórias. Mostramos que falta democracia na USP e colocamos o ensino a distância no debate", completou.
Os grevistas pediam mudança no sistema de escolha para reitor e fim dos cursos a distância (a implantação foi adiada, segundo a USP, por divergência com a Secretaria de Ensino Superior). Chegaram também a exigir a renúncia da reitora.
A reitoria ofereceu aumento de 6,05%, mesmo percentual da primeira reunião, em maio. O pedido dos funcionários foi considerado inviável. Segundo a universidade, se o reajuste fosse concedido, a folha de pagamento passaria a representar 92,4% do orçamento, contra os atuais 87,2%.
Sobre a readmissão do sindicalista Claudionor Brandão, afirmou que o caso tem de ser apreciado pela Justiça (ele foi demitido por justa causa).


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