São Paulo, quinta-feira, 01 de julho de 2010

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Publicidade vai bancar restauração do Copan

Prédio é 1º a ter anúncio na fachada durante restauro após lei Cidade Limpa

Em vigor há 3 anos e meio, lei prevê uso de anúncio em "melhorias urbanas'; obra está orçada em até R$ 40 mi

Daniel Marenco/Folhapress
Pastilhas soltas no Copan, que terá anúncio na fachada

MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO

Três anos e meio depois de ter entrado em vigor, a lei Cidade Limpa dará uma chance para a publicidade de rua.
O edifício Copan, projetado por Oscar Niemeyer e Carlos Lemos, será o primeiro prédio a abrigar anúncio em sua fachada durante restauro, segundo Regina Monteiro, diretora da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização) e criadora da lei.
O uso de publicidade em "melhorias urbanas, ambientais e paisagísticas" está previsto na lei, mas até agora esse artigo, de número 50, não havia saído do papel.
A expectativa da Emurb é que o restauro do Copan funcione como publicidade dessa possibilidade da lei e que prédios históricos como o Esther, o primeiro edifício modernista da cidade, sejam recuperados por anunciantes.

PEDAÇOS E PASTILHAS
A fachada sinuosa do Copan está em pandarecos. O prédio foi construído entre 1951 e 1966, mas sua frente nunca teve manutenção.
O resultado é que a ferragem do quebra-sol de concreto oxidou, se expandiu e provoca a queda de pedaços de cimento e pastilhas.
O uso de publicidade para restauro demorou para sair do papel porque "o mercado publicitário está muito guloso", diz Monteiro, referindo-se ao tamanho dos anúncios.
O Copan já teve projetos recusados. "Queriam colocar uma peça que cobria quase toda a fachada. Era ostensiva demais, dava para ver da Lua. Assim não passa."
A fachada do Copan tem 45 mil m2 -cinco campos de futebol. O restauro custará de R$ 35 milhões a R$ 40 milhões, diz Rafael Nasser e Silva, da Refix, empresa especializada nesse tipo de obra. "Se o anúncio não tiver certo porte, não dá para pagar uma reforma com esse valor. Publicitários querem retorno."

DESCONHECIMENTO
O artigo sobre o uso de publicidade não tem critérios sobre o que pode ou não. Os projetos precisam ser aprovados um a um pela Comissão de Proteção Urbana.
O temor é que ocorra em SP o mesmo que em Barcelona. "Lá, a lei foi desvirtuada. Tem tanto anúncio nos prédios históricos que não dá para ver a fachada das casas do Gaudí", diz, referindo-se ao arquiteto catalão.
Há ainda o efeito desconhecimento. O artigo 50 é ignorado até por envolvidos em restauro, como Rafael Schmidt, diretor do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil) responsável pela recuperação da sede.
"Só soube que podia usar publicidade porque moro no Copan e ouvi isso numa reunião de condomínio", diz.


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