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Após denúncias, SP reformula Detran
Entre as mudanças previstas estão a venda de placas em lojas e a seleção para médicos dos exames de CNH
Estimativa é que mudança faça placas custarem R$ 13 ou R$ 14 o par, ante os até R$ 100 pagos hoje em dia
ROGÉRIO PAGNAN
ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO
Após uma série de denúncias de corrupção e irregularidades que já provocaram
um rombo estimado em R$
70 milhões aos cofres públicos, o Detran de São Paulo
deverá passar por sua maior
reformulação.
Entre as mudanças previstas para até o final do ano, o
órgão deve romper com empresas contratadas para serviços de emplacamento de
veículos e de controle dos sistemas de informática que fazem registro de documentos
de veículos e condutores.
Também planeja fazer
uma seleção própria para cadastrar médicos e psicólogos
para os exames de CNH.
"Cada vez mais, a intenção
é tornar todos os atos do Detran públicos e mais transparentes", diz o delegado Carlos José Paschoal de Toledo,
diretor do órgão.
A ideia é que, ainda neste
ano, o próprio motorista
compre as placas em lojas
credenciadas, que serão responsáveis por encaminhá-las para lacração nas unidades de trânsito.
Apenas policiais civis farão esse serviço -cerca de
250 serão contratados por
concurso ou deslocados de
outros departamentos.
Com a concorrência entre
as empresas fabricantes de
placas, um par delas deverá
custar R$ 13 ou R$ 14, estima
Toledo. Hoje, em alguns casos, donos de veículos chegam a pagar R$ 100 pelo par.
Já os sistemas de computação, conhecidos como Gever
e Gefor, serão substituídos.
O governo de SP vai dispensar todas as empresas
privadas contratadas sem licitação desde 2001 e instalar
em todo Estado um sistema
controlado pela Prodesp (órgão de processamento de dados do Estado).
O sistema Gefor foi apontado como facilitador de fraudes, como aconteceu em Ferraz de Vasconcelos (Grande
SP), quando a Promotoria e a
Polícia Rodoviária Federal
descobriram que cerca de
1.300 CNHs foram vendidas
para motoristas que nunca
passariam nos exames, como
analfabetos e cegos.
Na época, a mudança de
sistema foi feita após fraudes, para ganhar segurança.
Também não está descartada a possibilidade de o governo retirar o controle do
Detran da Polícia Civil.
MÉDICOS
O diretor do Detran avalia
que a maior dificuldade será
modificar o critério para contratar médicos e psicólogos.
Ele prevê uma "batalha jurídica" com as cooperativas
que hoje são autorizadas a
realizar o serviço.
As mudanças no Detran
quebrarão procedimentos repetidos há décadas e vão afetar 3.957 autoescolas, 4.000
despachantes e os quase 19
milhões de condutores.
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