São Paulo, quinta-feira, 01 de agosto de 2002

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RIO 1

Um dos fugitivos rendeu policial com um revólver; um detento morreu e os que não conseguiram sair começaram motim

60 fogem de Bangu pela porta da frente

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Um preso morreu e um sargento da Polícia Militar foi mantido refém ontem durante uma rebelião que durou 11 horas na Casa de Custódia Jorge Santana (complexo penitenciário de Bangu, zona oeste do Rio). O motim começou depois que 60 presos conseguiram fugir pela porta da frente.
Após o fim da rebelião, o comandante-geral da PM, coronel Francisco Braz, determinou a prisão administrativa de 15 PMs que trabalhavam na casa de custódia.
Além disso, exonerou o coordenador das casas de custódia de Bangu, coronel Hudson de Mello, e os diretores da Jorge Santana e das duas outras unidades (Muniz Sodré e Bangu 5).
O motim começou por volta da meia-noite. Sessenta detentos, um deles armado com revólver, renderam o policial da portaria, roubaram seu fuzil e fugiram. A PM cercou a prisão em seguida. Revoltados, os detentos que não conseguiram sair se rebelaram.
Segundo o coronel Braz, os PMs punidos cometeram falha grave ao permitir que o revólver entrasse na unidade. A punição durará três dias. Caso não fique provada a conivência com os presos, eles serão reintegrados ao serviço.
Após fugirem, perseguidos pelos policiais, os presos se esconderam em um matagal próximo. Houve troca de tiros, e um dos fugitivos morreu. O nome dele não havia sido divulgado até as 19h.
Os PMs passaram a madrugada vasculhando o matagal. Por três vezes, eles trocaram tiros com os fugitivos. Até o final da tarde, apenas um havia sido recapturado.

Afastamentos
O afastamento do coordenador e dos diretores das três casas de custódia de Bangu, segundo Braz, é consequência das últimas rebeliões e fugas nessas unidades.
Para o comandante, a sequência de acontecimentos é uma razão forte para que o governo entregue ao Departamento do Sistema Penitenciário (Desipe) a responsabilidade pelas casas de custódia. "É um desvio de função a PM administrar casas de custódia", disse.
Só neste ano, ocorreram duas rebeliões e três fugas na Jorge Santana. No dia 19 de junho, cerca de 40 presos fugiram por um túnel cavado à mão. Inaugurada em janeiro do ano passado, tem capacidade para 500 presos. Antes da fuga, havia 478, segundo a PM.
Ontem, o secretário estadual de Justiça, Paulo Saboya, disse que o Estado está construindo seis prisões. Segundo ele, até o final do ano, três estarão prontas -duas estaduais e uma federal.



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