São Paulo, terça-feira, 01 de agosto de 2006 |
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Brasileiro é preso após cirurgia nos EUA
Uma brasileira de 24 anos morreu depois de lipoaspiração feita em porão; Luiz Carlos Ribeiro é acusado de prática ilegal da medicina
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO DE NOVA YORK O brasileiro Luiz Carlos Ribeiro, 49, foi preso ontem em Framingham (no Estado americano de Massachusetts) sob acusação de prática ilegal da medicina e porte de substâncias controladas. Também foi presa sua mulher, Ana Maria Miranda Ribeiro, 49, que responde pela segunda acusação. O casal é apontado pela polícia americana como responsável pela morte da também brasileira Fabíola de Paula, de 24 anos. Fabíola morreu na madrugada de ontem, após complicações durante a realização de uma lipoaspiração no porão de uma casa no subúrbio de Framingham, no domingo. Ribeiro estaria conduzindo a cirurgia da brasileira. Segundo a polícia, Ribeiro teria apresentado às autoridades uma licença brasileira para o exercício da prática de cirurgia plástica, de validade ainda não confirmada, mas não reconhecida nos EUA. Até a conclusão desta edição, o casal não havia constituído advogado. Em depoimento, os dois disseram ser inocentes. Ana Maria foi libertada pela polícia após o pagamento de fiança de US$ 50 mil (R$ 108 mil) em dinheiro. A Justiça cobrou outros US$ 250 mil (R$ 542 mil), também em espécie, para soltar o brasileiro, que permanecia detido ontem à noite. Sobre ele pesa a acusação de exercício ilegal da medicina, além de posse de drogas controladas. A promotoria tinha pedido a fixação de uma fiança de US$ 500 mil (R$ 1.084.000) para cada um. A Folha não conseguiu localizar Ana Maria, que teve o passaporte brasileiro apreendido. Imigrantes Cerca de 30% da população de 67 mil habitantes de Framingham, nas cercanias de Boston, é formada por imigrantes brasileiros. A cidade tem sido investigada por agentes do FBI (a polícia federal americana) por um número crescente de clínicas clandestinas de cirurgia plástica e de aborto. Fabíola de Paula foi levada inconsciente ao hospital MetroWest Medical Center, em Framingham, na noite de domingo. Morreu pouco depois, na madrugada de ontem. Segundo a edição eletrônica do jornal "MetroWest Daily News", a cirurgia plástica ilegal foi descoberta quando Fabíola foi levada ao hospital por um grupo de pessoas, entre elas o casal de brasileiros. Na ocasião, segundo o jornal, Ribeiro teria dito aos médicos que tinha ministrado sedativos a Fabíola para poder realizar a lipoaspiração. Policiais disseram não poder revelar detalhes da morte da brasileira durante a fase de investigação. Uma necropsia foi agendada para a próxima segunda-feira. Em um programa de rádio local, a promotora Martha Coakley pediu aos brasileiros que tenham sido atendidos pelo casal Ribeiro que procurem um médico e que reportem o caso à polícia, sem risco de acusação formal. Ao menos duas outras supostas vítimas teriam se manifestado ontem. Outro promotor do caso, Lee Hettinger disse à Folha que os Ribeiro estão nos EUA há apenas 30 dias e têm visto de trabalho. Nesse período, afirma Hettinger, eles fizeram cirurgias clandestinas no porão de uma casa alugada. Ana Maria participaria das operações como enfermeira. O casal depôs em juízo em português, com auxílio de um tradutor, e não falaria inglês. Ainda segundo Hettinger, eles não conseguiram diferenciar anestésicos perante o juiz. Uma nova audiência foi marcada para o dia 25 deste mês. "Havia uma quantidade imensa de sangue no porão. Também encontramos um conjunto de instrumentos cirúrgicos usados para lipoaspiração", contou o promotor. As cirurgias teriam sido feitas em camas de massagem colocadas dentro do porão. A polícia diz ter identificado outra vítima, sem nacionalidade nem identidade revelados. Ela estaria hospitalizada com infecção generalizada após ter feito lipoaspiração ao custo de US$ 3.000 (cerca de R$ 6.500, no câmbio de ontem). Próximo Texto: Frase Índice |
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