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Computador pode não "entender" o comando
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Se um manete (alavanca de
controle da turbina) for esquecido em posição de aceleração,
a intenção e o comando de pouso não são compreendidos pelo
computador de bordo do Airbus e a frenagem não será realizada conforme o previsto.
Os freios aerodinâmicos nas
asas (spoilers) podem estar armados, mas não irão funcionar.
O sistema automático de frenagem (autobreak) pode estar
programado, mas não será
acionado.
Essa foi a lição aprendida,
sem vítimas, em Taiwan em
2004, quando outro A320 com
o reverso direito também inoperante e pinado não conseguiu frear na pista.
A causa: o manete direito foi
deixado acima da posição de
trava de ponto morto -"idle
detent", no jargão da cabine.
A Airbus prometeu providências. Se o piloto, já próximo
ao solo, cometesse a mesma falha, a luz vermelha principal de
alerta acenderia e um apito iria
soar continuamente. O mecanismo faria parte do novo FWC
(Flight Warning Computer),
série H2F3.
A TAM foi procurada duas
vezes na tarde de ontem e não
respondeu se o A320 acidentado estava equipado com essa
inovação -o PR-MBK saiu da
fábrica em fevereiro de 1998.
A falha de operação dos manetes é um dado apontado pela
caixa-preta de dados do vôo
3054 e pode estar equivocada,
segundo os investigadores da
Aeronáutica. Não é possível,
ainda, garantir que não houve
falha eletrônica, por exemplo.
Ainda assim, o manete mal
posicionado seria uma falha
anterior ao pouso. E há confusão nos meios aeronáuticos sobre a hipótese de falha depois
do pouso.
A operação do A320 com um
reverso desativado e pinado é
prevista e não apresenta riscos,
segundo o manual da Airbus e
os técnicos da TAM.
Porém, desde que a Airbus
emitiu um comunicado mundial sobre os procedimentos
corretos de pouso nessas circunstâncias, pilotos vêm debatendo um ponto confuso: o reverso inoperante deve ser acionado no pouso?
Segundo o manual, sim. Segundo dados da caixa-preta,
porém, os pilotos do avião acidentado em São Paulo estavam
conscientes que somente o reversor um (esquerdo) funcionava e não teriam acionado o
reversor dois (direito).
Com isso, os técnicos buscam
entender se o computador de
bordo da Airbus, dentro dessas
duas possibilidades de posicionamento dos manetes, pode se
sobrepor, impedir a desaceleração e abortar o pouso da aeronave, sem dar tempo hábil
aos pilotos para ações que revertam o cenário.
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