São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2008

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Adolescente inglesa é esquartejada no Brasil

Preso, o goiano Mohammed Dali Carvalho dos Santos, 20, confessou ter matado a amiga de 17 anos, segundo a polícia

Parte do corpo foi achada na segunda, em uma mala abandonada; em Londres, amiga viu reportagem e reconheceu tatuagem


Mantovani Fernandes/"O Popular"
Celular do suspeito traz foto da vítima; polícia diz que ele fotografou corpo da jovem antes do crime

FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA

SEBASTIÃO MONTALVÃO
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM GOIÂNIA

Uma adolescente inglesa de 17 anos que estava no Brasil desde maio foi morta e esquartejada em Goiânia. Parte do corpo foi encontrada na segunda-feira em uma mala abandonada na margem de um rio na capital de Goiás.
O acusado pela morte de Cara Marie Burke é o goiano Mohammed Dali Carvalho dos Santos, 20, amigo da adolescente. Santos foi preso ontem e, segundo a Polícia Civil, confessou o crime. O homicídio ocorreu no último sábado. Santos e Cara se conheceram em Londres, onde mora a mãe dele. Uma brasileira amiga da adolescente diz que Santos ofereceu e pagou a viagem da inglesa ao país.
A cabeça e os membros da inglesa ainda não foram achados -a polícia suspeita que tenham sido atirados em um córrego. O crime foi denunciado depois que uma amiga brasileira de Cara assistiu, em Londres, a uma reportagem da TV Record Internacional sobre o pedaço de corpo encontrado. Na imagem mostrada, ela reconheceu uma tatuagem da inglesa. Ligou então para o Brasil para alertar a polícia sobre o homicídio.
Segundo a Polícia Civil, Cara foi morta a facadas no sábado depois que Santos a levou ao apartamento onde ele vivia.
Ainda de acordo com a polícia, o rapaz deixou o corpo no banheiro, foi a uma festa e esquartejou o cadáver no domingo. A polícia diz que o acusado fotografou partes do cadáver com o celular após o crime. Policiais afirmam que o crime foi passional -o rapaz sentiria ciúme da jovem, que pretendia voltar para a Inglaterra.
Santos, porém, declarou, segundo a Polícia Civil, que cometeu o crime porque Cara ameaçava delatar o envolvimento dele com drogas. O delegado Jorge Moreira, da Delegacia de Homicídios, afirmou que Santos era um "pequeno traficante" de drogas. A polícia diz ter encontrado drogas no apartamento dele, mas não informou quais.
O acusado também disse à polícia que cortou o corpo da moça para facilitar o transporte. Para o delegado Moreira, o crime não foi premeditado.
A Polícia Civil informou que Santos levou policiais ao local onde havia jogado uma das facas utilizadas no crime. O objeto estava em um bueiro perto do prédio em que vivia.

Família sem recursos
Em contato com representantes do governo de Goiás, a família da jovem inglesa disse não ter dinheiro para vir ao Brasil acompanhar o caso.
"A mãe estava totalmente abalada. Ela me perguntava por que o rapaz fez isso com a filha", disse o chefe da assessoria para assuntos internacionais de Goiás, Elie Chidiac.
Ele disse que os familiares da moça não conhecem o acusado pela morte de Cara.
De acordo com o governo goiano, a adolescente estava no país com um visto de turista regularizado. Cara não trabalhou nem estudou enquanto esteve no Brasil.
A família dela vai pedir ajuda aos governos dos dois países para fazer o traslado do corpo. A Polícia Civil de Goiás não informou ontem se o acusado já havia constituído advogado.
Ao ser preso, Santos não quis falar com a imprensa. "Não vou falar desgraça nenhuma", disse. Ele foi detido em uma distribuidora de bebidas no bairro Jardim Novo Mundo, que era freqüentado pela inglesa.
Segundo a polícia, um amigo do suspeito deve ser indiciado como co-autor do crime por ter ajudado a ocultar o cadáver da adolescente. Ele já foi identificado, mas não foi preso. Equipes do Corpo de Bombeiros, com cães farejadores, procuram outras partes do corpo da jovem em Bonfinópolis (a 33 km de Goiânia).


Colaborou MATHEUS PICHONELLI, da Agência Folha


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