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Policial morre após ser arrastado por 600 m
O PM Alexandre Oliveira Sobrinho, 29, foi pego pelo braço pelos ocupantes de um Gol, que acelerou; ao ser solto, bateu a cabeça
Polícia diz ter identificado os 4 ocupantes do veículo, dos quais 1 foi preso; o 2º detido é o dono do carro, que alega só ter emprestado o Gol
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Um policial militar morreu
na madrugada de ontem após
ter sido segurado pelo braço
por ocupantes de um carro em
alta velocidade e arrastado por
quase 600 metros em Diadema.
Ao ser solto, o soldado Alexandre Sérgio Oliveira Sobrinho, 29, bateu a cabeça contra o
muro de um imóvel e sofreu
traumatismo craniano.
Quatro supostos ocupantes
do veículo foram identificados
horas depois pela Polícia Civil.
Segundo a polícia, o carro era
dirigido por Deivison da Silva
Lira, 19; no banco do carona estava William Braga de Sá, 22;
atrás do motorista, Johnny
Araújo dos Santos, 20, e, ao seu
lado, Rivaldo Dias Rocha, 20.
Todos são motoboys.
Até as 23h30 de ontem, duas
pessoas haviam sido presas
-Rocha, que é dono de uma
empresa de motofrete, e o dono
do veículo, Adeilson de Jesus,
24, que emprestou o carro, mas
não teria participado da ação. A
Justiça, no entanto, só havia
concedido a prisão temporária
para Rocha.
Jesus deveria ser solto na
madrugada. A polícia suspeita
que o grupo cometeu o crime
porque o motorista teria bebido e quis escapar de levar a
multa de R$ 955 da lei seca.
O PM Sobrinho patrulhava o
centro da cidade com um colega, que não teve o nome divulgado. Por volta das 2h50, eles
foram atender a uma queixa de
moradores da rua Graciosa, incomodados com carros que
atrapalhavam o trânsito.
Ao chegarem ao local, em
frente à boate Sinos, no número 141, abordaram um motociclista sem capacete. Quando foram multá-lo, o Gol prata, com
os quatro ocupantes, parou
atrás, bloqueando o tráfego.
Enquanto o outro PM ficou
com o motociclista, Sobrinho
foi até o veículo para que ele
saísse de onde estava. À polícia
Rocha, porém, alega que o PM
tentou arrancar a chave do contato, o que irritou Lira e Santos.
Quando o PM se aproximou
da janela do motorista, os dois o
teriam puxado pelo braço esquerdo. Lira acelerou o carro a
mais de 80 km/h -a velocidade
máxima permitida é de 50 km/
h no local. Testemunhas que
estavam num bar em frente
disseram à polícia ter ouvido o
PM gritar: "Me solta, me solta".
O carro seguiu pela rua Graciosa, cruzou a rua Manoel da
Nóbrega, passou na rua Odete
Amaral de Oliveira e, numa
curva à direita, os ocupantes do
carro soltaram o PM. Ele caiu
no asfalto, bateu a cabeça num
muro e morreu na hora.
"Eles tinham a intenção de
matá-lo. Foi um crime perverso
e bárbaro. Ele ficou feito um
pêndulo. As pernas ficaram
penduradas e foram arrastadas.
O coturno se dilacerou e ele
perdeu dois dedos do pé", disse
o delegado seccional de Diadema, Ivaney Cayres de Souza.
Os agressores fugiram por
mais um quilômetro, mas o
motorista perdeu o controle e
bateu o carro. O grupo correu a
pé para a favela Morro do Samba. Segundo a polícia, Sá ligou
para o dono do carro, dizendo
que os amigos "fizeram besteira". Orientou-o a registrar um
suposto roubo do veículo.
Na delegacia, Jesus admitiu
que tinha emprestado o carro.
Ele foi autuado por falsa comunicação de crime e deu o nome
dos quatro ocupantes.
A PM abriu vai apurar se
houve falha do outro PM, que
multava o motociclista em vez
de dar cobertura ao colega. Ele
alegou não ter visto Sobrinho
ser puxado nem ter anotado a
placa do carro. Os suspeitos serão indiciados por homicídio
doloso (com intenção). A Folha
não teve acesso aos presos nem
aos advogados.
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