São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2008

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Após lei seca, mortes caem 12% nas federais

Em 30 dias da nova lei, houve 534 pessoas mortas nas estradas; em 2007, no período equivalente, foram 607 vítimas

Variação foi mínima no total de feridos (queda de 1%) e de acidentes (alta de 1,3%); levantamento foi feito pela Polícia Rodoviária Federal


EDUARDO SCOLESE
JOHANNA NUBLAT

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O número de mortos nas estradas federais caiu 12% nos 30 primeiros dias de lei seca em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo levantamento feito pela PRF (Polícia Rodoviária Federal). A variação foi mínima no total de feridos (queda de 1%) e de acidentes (alta de 1,3%).
De 20 de junho a 20 de julho deste ano, 534 pessoas morreram em estradas federais e outras 6.219 ficaram feridas, num total de 10.676 acidentes. No mesmo intervalo de 2007, ocorreram 607 mortes, 6.284 feridos e 10.537 acidentes nas vias federais.
Obtida pela Folha, a estatística pós-lei seca contraria uma tendência de aumento da violência nas estradas brasileiras neste ano. Entre 1º de janeiro e 19 de junho de 2008 (véspera do início de vigência da lei seca), a PRF registrou 60.782 acidentes em vias federais, uma alta de 10,89% em relação ao mesmo intervalo de 2007.
O número total de feridos também vinha aumentando. No intervalo considerado de 2008, 34.945 pessoas ficaram feridas nas estradas, número 5,07% maior que o mesmo período um ano antes (33.259). O número de mortes estava em ligeiro declínio -2.969 em 2008, e 2.993 em 2007, variação negativa de 0,8%.
Hoje, a PRF divulga um balanço das férias de julho. Até a tarde de ontem, a queda de mortes em relação às férias de 2007 estava próxima a 15%.
Segundo a PRF, a queda no número mortes e a estabilidade na quantidade de acidentes e de feridos, contra uma expectativa de aumento nesses três itens, devem ser atribuídas à implantação da lei seca.
"[A lei seca] conseguiu frear um viés de alta. De forma direta, com os motorista deixando de beber antes de dirigir, e de forma indireta, com o envolvimento de todas as esferas de governo, com a mídia comprando essa briga e com a identificação da sociedade com essa causa", diz o inspetor Alexandre Castilho, assessor nacional de comunicação da instituição.
A diminuição das mortes, segundo a PRF, está ligada à redução de acidentes graves, onde se concentram os motoristas bêbados. "O álcool provoca o acidente grave. Ele [motorista] perde a noção do perigo, se sente intocável, enquanto o aumento da fiscalização nas rodovias provoca a diminuição da velocidade dos motoristas."
Mesmo o condutor que não bebeu tende a ser mais cuidadoso quando sabe que há maior fiscalização, diz Paulo Cesar Marques, professor de engenharia do tráfego da Universidade de Brasília. "Os números costumam mostrar que a questão do álcool é mais grave nas cidades do que nas rodovias. Mas, em ambiente de mais rigor, há mudança de atitude, as pessoas respondem sendo mais precavidas até nas rodovias."
Ainda de acordo com o professor, o aumento da frota de carros, colocando veículos mais novos em circulação, não acarreta necessariamente redução de acidentes. "É polêmico, carros mais novos tendem a ser mais seguros, mas não significa que o motorista fique mais precavido, ele pode sentir mais confiança e ter comportamento menos precavido."
Desde 20 de junho, o motorista flagrado com mais de dois decigramas de álcool por litro de sangue (ou um chope) tem que pagar multa de R$ 955, tem a carteira de habilitação suspensa e o veículo retido. A partir de seis decigramas (ou dois chopes), o motorista pode ser preso e sofrer outras punições.


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