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Após lei seca, mortes caem 12% nas federais
Em 30 dias da nova lei, houve 534 pessoas mortas nas estradas; em 2007, no período equivalente, foram 607 vítimas
Variação foi mínima no total de feridos (queda de 1%) e de acidentes (alta de 1,3%); levantamento foi feito pela Polícia Rodoviária Federal
EDUARDO SCOLESE
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O número de mortos nas estradas federais caiu 12% nos 30
primeiros dias de lei seca em
comparação com o mesmo período do ano passado, segundo
levantamento feito pela PRF
(Polícia Rodoviária Federal). A
variação foi mínima no total de
feridos (queda de 1%) e de acidentes (alta de 1,3%).
De 20 de junho a 20 de julho
deste ano, 534 pessoas morreram em estradas federais e outras 6.219 ficaram feridas, num
total de 10.676 acidentes. No
mesmo intervalo de 2007,
ocorreram 607 mortes, 6.284
feridos e 10.537 acidentes nas
vias federais.
Obtida pela Folha, a estatística pós-lei seca contraria uma
tendência de aumento da violência nas estradas brasileiras
neste ano. Entre 1º de janeiro e
19 de junho de 2008 (véspera
do início de vigência da lei seca), a PRF registrou 60.782 acidentes em vias federais, uma
alta de 10,89% em relação ao
mesmo intervalo de 2007.
O número total de feridos
também vinha aumentando.
No intervalo considerado de
2008, 34.945 pessoas ficaram
feridas nas estradas, número
5,07% maior que o mesmo período um ano antes (33.259). O
número de mortes estava em
ligeiro declínio -2.969 em
2008, e 2.993 em 2007, variação negativa de 0,8%.
Hoje, a PRF divulga um balanço das férias de julho. Até a
tarde de ontem, a queda de
mortes em relação às férias de
2007 estava próxima a 15%.
Segundo a PRF, a queda no
número mortes e a estabilidade na quantidade de acidentes
e de feridos, contra uma expectativa de aumento nesses três
itens, devem ser atribuídas à
implantação da lei seca.
"[A lei seca] conseguiu frear
um viés de alta. De forma direta, com os motorista deixando
de beber antes de dirigir, e de
forma indireta, com o envolvimento de todas as esferas de
governo, com a mídia comprando essa briga e com a identificação da sociedade com essa
causa", diz o inspetor Alexandre Castilho, assessor nacional
de comunicação da instituição.
A diminuição das mortes, segundo a PRF, está ligada à redução de acidentes graves, onde se concentram os motoristas bêbados. "O álcool provoca
o acidente grave. Ele [motorista] perde a noção do perigo, se
sente intocável, enquanto o aumento da fiscalização nas rodovias provoca a diminuição da
velocidade dos motoristas."
Mesmo o condutor que não
bebeu tende a ser mais cuidadoso quando sabe que há maior
fiscalização, diz Paulo Cesar
Marques, professor de engenharia do tráfego da Universidade de Brasília. "Os números
costumam mostrar que a questão do álcool é mais grave nas
cidades do que nas rodovias.
Mas, em ambiente de mais rigor, há mudança de atitude, as
pessoas respondem sendo mais
precavidas até nas rodovias."
Ainda de acordo com o professor, o aumento da frota de
carros, colocando veículos
mais novos em circulação, não
acarreta necessariamente redução de acidentes. "É polêmico, carros mais novos tendem a
ser mais seguros, mas não significa que o motorista fique
mais precavido, ele pode sentir
mais confiança e ter comportamento menos precavido."
Desde 20 de junho, o motorista flagrado com mais de dois
decigramas de álcool por litro
de sangue (ou um chope) tem
que pagar multa de R$ 955, tem
a carteira de habilitação suspensa e o veículo retido. A partir de seis decigramas (ou dois
chopes), o motorista pode ser
preso e sofrer outras punições.
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