São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2008

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Mortes no trânsito superam homicídios no Estado de SP

No 2º trimestre, houve 16,7% mais acidentes do que assassinatos, segundo governo

Secretaria atribui mudança à redução de 62% nos homicídios dolosos; período estudado engloba apenas 11 dias da nova lei seca


LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Dados divulgados pela SSP (Secretaria da Segurança Pública) mostram que hoje é mais fácil morrer em um acidente automobilístico do que ser assassinado no Estado de São Paulo. Segundo a pasta, o número de acidentes de trânsito com morte registrados de abril a junho deste ano foi 16,7% maior que as ocorrências de assassinatos. Os dados não sofreram grande influência da lei seca, que passou a vigorar em 20 de junho.
No segundo trimestre, 1.104 pessoas morreram em 1.047 ocorrências de homicídio doloso (intencional) no Estado -houve casos em que mais de uma pessoa foi morta.
Já os casos de morte no trânsito somaram 1.222 ocorrências -175 a mais que as de assassinatos. A SSP informou que alguns desses registros podem ter mais de um morto, mas o número total de vítimas só pode ser calculado pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) -e apenas na capital paulista. A CET, órgão da prefeitura, afirmou que divulgará as estatísticas em breve.
Essa não foi a primeira vez que o número de mortos em acidentes bateu o de assassinatos. A mesma tendência foi registrada pela SSP no terceiro trimestre do ano passado, quando houve pelo menos 74 mortes a mais em acidentes em relação aos assassinatos.
Segundo o sociólogo Túlio Kahn, da CAP (Coordenadoria de Análise e Planejamento) da SSP, foi a queda no número de assassinatos que causou a mudança, pois os índices de acidentes de trânsito com morte sofreram pequena elevação.
Os acidentes com morte subiram 2,8% de 2005 (quando passaram a ser divulgados pela pasta) a 2007. Já os homicídios dolosos estão caindo desde 1999. A SSP registrou 12,8 mil naquele ano, contra 4.800 em 2007 -redução de 62%.
"Quem morria [em 1999] era o jovem de periferia, do sexo masculino, não branco, de baixa escolaridade. Esse perfil agora mudou. O risco maior é para o jovem de classe média por causa dos acidentes de trânsito", afirmou o sociólogo.
A SSP atribui a queda nos assassinatos a três fatores: o desarmamento da população, o aumento de verbas para a pasta e a elevação do número de pessoas presas no Estado.
De acordo com Kahn, em 1995, o número de portes de arma no Estado era de 80 mil. Em 2003 -quando o controle passou para a Polícia Federal-, baixou para 3.000. O orçamento da SSP subiu de R$ 2 bilhões em 1999 para R$ 8 bilhões atualmente, e o número de presos aumentou 187%.
Para o pesquisador Cláudio Beato, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), a redução dos homicídios é resultado do reforço de um foco de atuação da polícia, mas não significa que a criminalidade foi reduzida como um todo.
Na capital paulista, os assassinatos ainda superam as mortes no trânsito. Foram ao menos 185 mortes em acidentes no segundo trimestre, ante 304 homicídios dolosos.
As estatísticas da SSP também mostraram que os seqüestros caíram de 30 casos no segundo trimestre do ano passado para 12 no mesmo período deste ano (-60%).


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