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Mortes no trânsito superam homicídios no Estado de SP
No 2º trimestre, houve 16,7% mais acidentes do que assassinatos, segundo governo
Secretaria atribui mudança
à redução de 62% nos
homicídios dolosos; período
estudado engloba apenas
11 dias da nova lei seca
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Dados divulgados pela SSP
(Secretaria da Segurança Pública) mostram que hoje é mais fácil morrer em um acidente automobilístico do que ser assassinado no Estado de São Paulo.
Segundo a pasta, o número de
acidentes de trânsito com morte registrados de abril a junho
deste ano foi 16,7% maior que
as ocorrências de assassinatos.
Os dados não sofreram grande
influência da lei seca, que passou a vigorar em 20 de junho.
No segundo trimestre, 1.104
pessoas morreram em 1.047
ocorrências de homicídio doloso (intencional) no Estado
-houve casos em que mais de
uma pessoa foi morta.
Já os casos de morte no trânsito somaram 1.222 ocorrências -175 a mais que as de assassinatos. A SSP informou que
alguns desses registros podem
ter mais de um morto, mas o
número total de vítimas só pode ser calculado pela CET
(Companhia de Engenharia de
Tráfego) -e apenas na capital
paulista. A CET, órgão da prefeitura, afirmou que divulgará
as estatísticas em breve.
Essa não foi a primeira vez
que o número de mortos em
acidentes bateu o de assassinatos. A mesma tendência foi registrada pela SSP no terceiro
trimestre do ano passado,
quando houve pelo menos 74
mortes a mais em acidentes em
relação aos assassinatos.
Segundo o sociólogo Túlio
Kahn, da CAP (Coordenadoria
de Análise e Planejamento) da
SSP, foi a queda no número de
assassinatos que causou a mudança, pois os índices de acidentes de trânsito com morte
sofreram pequena elevação.
Os acidentes com morte subiram 2,8% de 2005 (quando
passaram a ser divulgados pela
pasta) a 2007. Já os homicídios
dolosos estão caindo desde
1999. A SSP registrou 12,8 mil
naquele ano, contra 4.800 em
2007 -redução de 62%.
"Quem morria [em 1999] era
o jovem de periferia, do sexo
masculino, não branco, de baixa escolaridade. Esse perfil
agora mudou. O risco maior é
para o jovem de classe média
por causa dos acidentes de
trânsito", afirmou o sociólogo.
A SSP atribui a queda nos assassinatos a três fatores: o desarmamento da população, o
aumento de verbas para a pasta
e a elevação do número de pessoas presas no Estado.
De acordo com Kahn, em
1995, o número de portes de arma no Estado era de 80 mil. Em
2003 -quando o controle passou para a Polícia Federal-,
baixou para 3.000. O orçamento da SSP subiu de R$ 2 bilhões
em 1999 para R$ 8 bilhões
atualmente, e o número de presos aumentou 187%.
Para o pesquisador Cláudio
Beato, da UFMG (Universidade
Federal de Minas Gerais), a redução dos homicídios é resultado do reforço de um foco de
atuação da polícia, mas não significa que a criminalidade foi
reduzida como um todo.
Na capital paulista, os assassinatos ainda superam as mortes no trânsito. Foram ao menos 185 mortes em acidentes
no segundo trimestre, ante 304
homicídios dolosos.
As estatísticas da SSP também mostraram que os seqüestros caíram de 30 casos no segundo trimestre do ano passado para 12 no mesmo período
deste ano (-60%).
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