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Concreto sufoca raízes de árvores na capital paulista
Estudo da prefeitura mostra que, só em Perdizes, na zona oeste, 42% delas estão em canteiros inadequados
GIBA BERGAMIM JR
DE SÃO PAULO
A figueira na calçada da
rua Maria Cândida, na Vila
Guilherme (zona norte), cresce quase sem nenhum espaço para suas raízes.
O exemplo acima mostra o
que um estudo da Prefeitura
de SP constatou: o concreto
sufoca árvores na capital.
A pesquisa mostra que
num perímetro de 25 ruas em
Perdizes (zona oeste), 42%
das plantas estão em canteiros com muito cimento e
pouca terra. Ali foi iniciado o
projeto Identidade Verde,
um censo de árvores. Hoje,
estima-se que existam 2 milhões delas na cidade.
Engenheiros agrônomos
concluíram que apenas 23%
das árvores estão em bom estado em Perdizes.
Para fazer a avaliação, foram designados 97 especialistas. A pesquisa começou
na subprefeitura da Lapa,
que inclui Perdizes, onde havia o maior número de reclamações ou pedidos de poda.
Uma árvore estrangulada
pelo concreto corre sérios riscos. O canteiro irregular pode
derrubar uma planta.
Sergio Brazolin, do IPT
(Instituto de Pesquisas Tecnológicas), diz que as más
condições das árvores podem estar relacionadas à falta de planejamento. "SP não
foi planejada para ter árvores. Às vezes as condições de
plantio não são favoráveis."
A pesquisa deixa claro o
que é senso comum: faltam
árvores na cidade.
Segundo a Secretaria do
Verde e do Meio Ambiente,
202.949 árvores foram plantadas em 2009.
MARGINAL
O solo cheio de entulho foi
um obstáculo para a arborização da marginal Tietê.
Com novas pistas, a meta
era triplicar as árvores ao longo da via. Das mais de 17 mil
mudas plantadas, 800 morreram. "Aquilo lá é um tijolo.
As margens do Tietê foram
muito usadas como depósito
de entulho", diz Daniel Salati
Marcondes, gerente de Meio
Ambiente da Dersa.
Antes das novas pistas,
havia na marginal 5.118 árvores. Hoje são mais de 21 mil.
As enchentes do início do
ano também castigaram as
plantas. Para escapar das
cheias, muitos motoristas invadiram canteiros e derrubaram as árvores.
PARIS
O censo que SP está começando a fazer existe em Paris
desde 2001. No site da prefeitura parisiense, é possível saber onde estão os 484 mil
exemplares de 160 espécies.
Técnicos acompanham as
árvores, que recebem uma
etiqueta eletrônica, o que torna possível monitorá-las.
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