São Paulo, domingo, 01 de agosto de 2010

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Concreto sufoca raízes de árvores na capital paulista

Estudo da prefeitura mostra que, só em Perdizes, na zona oeste, 42% delas estão em canteiros inadequados

GIBA BERGAMIM JR
DE SÃO PAULO

A figueira na calçada da rua Maria Cândida, na Vila Guilherme (zona norte), cresce quase sem nenhum espaço para suas raízes.
O exemplo acima mostra o que um estudo da Prefeitura de SP constatou: o concreto sufoca árvores na capital.
A pesquisa mostra que num perímetro de 25 ruas em Perdizes (zona oeste), 42% das plantas estão em canteiros com muito cimento e pouca terra. Ali foi iniciado o projeto Identidade Verde, um censo de árvores. Hoje, estima-se que existam 2 milhões delas na cidade.
Engenheiros agrônomos concluíram que apenas 23% das árvores estão em bom estado em Perdizes.
Para fazer a avaliação, foram designados 97 especialistas. A pesquisa começou na subprefeitura da Lapa, que inclui Perdizes, onde havia o maior número de reclamações ou pedidos de poda.
Uma árvore estrangulada pelo concreto corre sérios riscos. O canteiro irregular pode derrubar uma planta.
Sergio Brazolin, do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), diz que as más condições das árvores podem estar relacionadas à falta de planejamento. "SP não foi planejada para ter árvores. Às vezes as condições de plantio não são favoráveis."
A pesquisa deixa claro o que é senso comum: faltam árvores na cidade.
Segundo a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, 202.949 árvores foram plantadas em 2009.

MARGINAL
O solo cheio de entulho foi um obstáculo para a arborização da marginal Tietê.
Com novas pistas, a meta era triplicar as árvores ao longo da via. Das mais de 17 mil mudas plantadas, 800 morreram. "Aquilo lá é um tijolo. As margens do Tietê foram muito usadas como depósito de entulho", diz Daniel Salati Marcondes, gerente de Meio Ambiente da Dersa.
Antes das novas pistas, havia na marginal 5.118 árvores. Hoje são mais de 21 mil. As enchentes do início do ano também castigaram as plantas. Para escapar das cheias, muitos motoristas invadiram canteiros e derrubaram as árvores.

PARIS
O censo que SP está começando a fazer existe em Paris desde 2001. No site da prefeitura parisiense, é possível saber onde estão os 484 mil exemplares de 160 espécies.
Técnicos acompanham as árvores, que recebem uma etiqueta eletrônica, o que torna possível monitorá-las.


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