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Justiça federal manda Google abrir dados do Orkut
Juiz dá prazo de 15 dias para que empresa forneça dados de internautas suspeitos de criar páginas de pedofilia no site
Filial brasileira se recusa a fornecer informações sob o argumento de que estão em poder da matriz, nos Estados Unidos
REGIANE SOARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Justiça Federal de São Paulo determinou ontem prazo de
15 dias para que a Google Brasil
Internet Ltda. forneça os dados
de internautas suspeitos de
criar páginas de pedofilia e de
crimes de ódio no site de relacionamento Orkut.
Se a empresa não cumprir a
decisão, concedida liminarmente pelo juiz José Marcos
Lunardelli, da 17ª Vara Federal
Cível, terá de pagar multa diária de R$ 50 mil para cada uma
das 38 ordens judiciais já expedidas pela Justiça Federal Criminal de São Paulo e que não
foram atendidas.
Em entrevista exclusiva à
Folha na semana passada, a diretora jurídica da Google, Nicole Wong, não descartou a possibilidade de a empresa fechar o
serviço de relacionamentos no
Brasil caso continue sendo
"perseguida" pelo Ministério
Público Federal.
A decisão de Lunardelli atende em parte a liminar solicitada
pelo Ministério Público Federal na ação civil pública proposta na semana passada contra a
Google Brasil, filial da americana Google Inc. O procurador
Sérgio Suiama havia pedido
multa diária de R$ 200 mil para
cada ordem descumprida.
A ação foi proposta porque a
filial brasileira havia se recusado a fornecer os dados dos internautas sob o argumento de
que as informações estavam
em poder da matriz, nos Estados Unidos.
O juiz entendeu que o fato de
os dados estarem armazenados
nos Estados Unidos não é relevante, "já que a totalidade das
fotografias e das mensagens investigadas foram publicadas
por brasileiros, a partir de conexões de internet feitas no
território nacional".
Lunardelli classificou como
"postura cômoda e complacente com os graves crimes praticados no serviço Orkut" o argumento da empresa de que apenas possui um escritório de representação comercial no Brasil. "Para vender serviços no
Brasil, a Google está presente,
mas para colaborar com a elucidação de crimes, não!"
Suiama ressaltou que a decisão foi importante não só para
esclarecer crimes específicos
relatados na ação envolvendo
pornografia infantil e racismo,
mas para fixar a responsabilidade da filial de uma empresa
multinacional por um serviço
prestado no Brasil a brasileiros.
"Espero que [a Google Brasil]
acate a decisão e modifique essa postura irresponsável de ignorar a Justiça brasileira".
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