São Paulo, sexta-feira, 01 de setembro de 2006

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Justiça federal manda Google abrir dados do Orkut

Juiz dá prazo de 15 dias para que empresa forneça dados de internautas suspeitos de criar páginas de pedofilia no site

Filial brasileira se recusa a fornecer informações sob o argumento de que estão em poder da matriz, nos Estados Unidos

REGIANE SOARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A Justiça Federal de São Paulo determinou ontem prazo de 15 dias para que a Google Brasil Internet Ltda. forneça os dados de internautas suspeitos de criar páginas de pedofilia e de crimes de ódio no site de relacionamento Orkut.
Se a empresa não cumprir a decisão, concedida liminarmente pelo juiz José Marcos Lunardelli, da 17ª Vara Federal Cível, terá de pagar multa diária de R$ 50 mil para cada uma das 38 ordens judiciais já expedidas pela Justiça Federal Criminal de São Paulo e que não foram atendidas.
Em entrevista exclusiva à Folha na semana passada, a diretora jurídica da Google, Nicole Wong, não descartou a possibilidade de a empresa fechar o serviço de relacionamentos no Brasil caso continue sendo "perseguida" pelo Ministério Público Federal.
A decisão de Lunardelli atende em parte a liminar solicitada pelo Ministério Público Federal na ação civil pública proposta na semana passada contra a Google Brasil, filial da americana Google Inc. O procurador Sérgio Suiama havia pedido multa diária de R$ 200 mil para cada ordem descumprida.
A ação foi proposta porque a filial brasileira havia se recusado a fornecer os dados dos internautas sob o argumento de que as informações estavam em poder da matriz, nos Estados Unidos.
O juiz entendeu que o fato de os dados estarem armazenados nos Estados Unidos não é relevante, "já que a totalidade das fotografias e das mensagens investigadas foram publicadas por brasileiros, a partir de conexões de internet feitas no território nacional".
Lunardelli classificou como "postura cômoda e complacente com os graves crimes praticados no serviço Orkut" o argumento da empresa de que apenas possui um escritório de representação comercial no Brasil. "Para vender serviços no Brasil, a Google está presente, mas para colaborar com a elucidação de crimes, não!"
Suiama ressaltou que a decisão foi importante não só para esclarecer crimes específicos relatados na ação envolvendo pornografia infantil e racismo, mas para fixar a responsabilidade da filial de uma empresa multinacional por um serviço prestado no Brasil a brasileiros. "Espero que [a Google Brasil] acate a decisão e modifique essa postura irresponsável de ignorar a Justiça brasileira".


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