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Alunos destituem presidente do XI de Agosto
Motivo foi apoio à invasão da Faculdade de Direito da USP; Ricardo Ribeiro diz que votação é ilegítima
DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL
Estudantes da Faculdade de
Direito da USP, no Largo São
Francisco, aprovaram ontem o
impeachment do presidente do
Centro Acadêmico XI de Agosto, Ricardo Ribeiro, 22. O CA,
porém, contesta a legitimidade
das assembléias que convocaram a votação do afastamento.
Para destituir Ribeiro do
posto, os alunos precisavam de
dois terços dos votos. Chegaram ao percentual de raspão:
525 votos, 68,2% do total de
769, pediram o impeachment.
Ribeiro avisa: "Não vou sair".
Ele estuda medidas legais contra a decisão e aponta problemas, como nomes em duplicidade, no abaixo-assinado que
convocou a assembléia.
Alguns membros até ameaçaram, em tom de brincadeira,
mudar de idéia quando a apuração chegou a apontar que os votos não seriam suficientes para
o impeachment. "Vamos validar a votação!", ironizavam, enquanto uma estudante prendia
os votos sob o par de melissinhas: pró-destituição no pé direito, contrárias no esquerdo.
O argumento de quem quer
Ribeiro fora é o apoio (não-declarado) dado pelo CA à invasão
da faculdade no dia 21. Movimentos sociais, como UNE e
MST, acamparam na Sala dos
Estudantes, junto de alguns
alunos, para reivindicar melhorias na educação do país.
A votação aconteceu em duas
etapas: na noite de quinta-feira,
no Salão Nobre, e na manhã de
sexta, na Sala dos Estudantes.
O Salão Nobre foi cedido pelo
diretor da faculdade, João
Grandino Rodas, o que despertou polêmica: seria um apoio ao
impeachment? "Não, é porque
havia outro evento na Sala dos
Estudantes", justifica.
"Salvo casos excepcionais,
todos os mandatos devem chegar até o fim. Não sou contra essa gestão do XI de Agosto, pelo
contrário. O Ricardo é muito
cordato. Acho que eles deveriam ficar até as próximas eleições [em outubro]", diz Rodas.
O centro acadêmico XI de
Agosto arrecada cerca de R$
300 mil por ano, segundo seus
membros, com fontes que vão
de lanchonete a ações.
O movimento repercutiu entre ex-alunos. "Sem entrar no
mérito da decisão da assembléia, ela revelou a insatisfação
dos alunos com a invasão", diz
Luiz Antonio Marrey, secretário estadual de Justiça.
"A faculdade deve ser um espaço livre de manifestação, mas
para os alunos de lá. É positivo
estudantes se mobilizarem",
diz Roberto Livianu, promotor
da cidadania e presidente do
movimento Ministério Público
Democrático.
Fernando Borges, que presidiu o CA há dois anos, em chapa
oposta à atual, e continua na faculdade, se diz contra o impeachment. "As próximas eleições são em dois meses. Os alunos deveriam esperar até lá."
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