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SAÚDE
Resolução sobre remédios pode ser inconstitucional
Vigilância revê lei dos genéricos
da Sucursal de Brasília
A assessoria jurídica da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária
vai examinar a constitucionalidade da resolução 391 do Ministério
da Saúde, que regulamentou a lei
dos genéricos, promulgada em
maio deste ano.
Ao estabelecer que farmacêuticos podem oferecer aos consumidores medicamentos genéricos
para substituir remédios de marca receitados pelo médico, a resolução torna os farmacêuticos responsáveis por complicações que
possam ocorrer com o paciente
em decorrência da troca.
Para o jurista Miguel Reale Jr.,
essa determinação torna a resolução inconstitucional porque impõe deveres ao farmacêutico e direitos ao consumidor, o que só
poderia ser feito por lei.
"A resolução é inconstitucional
porque determina deveres e estabelece direitos. E isso é matéria de
lei", disse Reale Jr., em seminário
promovido ontem pela Abifarma
(Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica), em Brasília.
O artigo 5º da Constituição diz
que "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei".
Gonzalo Vecina Neto, diretor-presidente da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária, disse que
havia ficado surpreso com o questionamento levantado por Reale
Jr. "Não tenho como contestá-lo,
afinal, o jurista é ele", disse.
Vecina recomendou que a Abifarma faça uma solicitação para
que a assessoria jurídica da agência analise os problemas levantados por Reale Jr. "Se eles se sentem lesados com o que está na resolução e se consideram que ela é
inconstitucional, basta solicitarem formalmente que examinemos a questão", disse.
A resolução diz que os farmacêuticos poderão fazer a substituição sempre que o médico colocar o nome de marca do remédio
e não deixar claro na receita que
se opõe à substituição.
Para Reale Jr., a determinação é
perigosa porque a responsabilidade sobre problemas que possam ocorrer em decorrência da
troca do remédio recairá sobre o
farmacêutico. "Para dar certo, o
farmacêutico teria de estar presente nas farmácias o tempo todo.
Também precisaria de tempo para explicar ao paciente as implicações da troca", disse Reale Jr.
O presidente da Abifarma, José
Eduardo Bandeira de Mello, também é contra a possibilidade de o
farmacêutico substituir no balcão
das farmácias o remédio receitado pelo médico por um genérico.
"Para a lei dar certo é preciso
dar a certeza de que o paciente estará levando um remédio que tenha de fato as mesmas propriedades terapêuticas do original. É
preciso controle e será difícil fazer
isso nas farmácias", disse.
Já o presidente do Conselho Federal de Farmácia, Jaldo Santos,
discorda dos questionamentos
feitos pela Abifarma e por Reale
Jr. "Somos totalmente capazes de
cumprir esse papel e estamos
prontos para assumir as responsabilidades."
(DANIELA FALCÃO)
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