São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2006

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SAÚDE/ PNEUMOLOGIA

Brasil é um dos países com mais asma entre jovens

Segundo estudo, em São Paulo, taxa em crianças e adolescentes fica entre 20% e 25%

Regiões oeste e sul paulistanas apresentam grandes diferenças; para especialistas, poluição pode ser a justificativa

CONSTANÇA TATSCH
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil é um dos países em todo o mundo onde mais crianças e adolescentes têm asma. Ao lado de EUA, Reino Unido e Austrália, o país aparece com taxa de prevalência de cerca de 20%, segundo novos dados do Isaac, estudo mundial sobre doenças alérgicas nas crianças.
Os especialistas não conseguem apontar uma explicação para isso, embora o ácaro, um dos principais causadores de alergias, seja comum em lugares quentes e úmidos. A herança genética também seria uma das causas.
De acordo com Dirceu Solé, pediatra da Unifesp e coordenador nacional do estudo, os dados mostram maior prevalência da asma na região Nordeste. Ele diz ainda que a tendência da asma, após anos de aumento, é de estabilidade.
Os dados coletados para o Isaac em duas regiões de São Paulo chamam a atenção. Entre crianças de seis e ste anos, 31,2% tinham prevalência de asma na zona oeste, contra 24,4% na sul. Entre adolescentes de 13 e 14 anos, 21,9% na zona oeste, contra 18,7% na sul.
A poluição é apontada pelos médicos como provável responsável por essas diferenças. "A região oeste, que eu pesquisei, é cortada por duas rodovias, a Régis Bittencourt e a Raposo Tavares, e ainda tem a marginal. O fluxo de automóveis e caminhões é grande, é uma das regiões mais poluídas. A hipótese é que o resultado esteja relacionado aos altos índices de poluição", diz Antonio Carlos Pastorino, pediatra do Hospital Sírio-Libanês que pesquisou mais de 6.000 jovens.

Inflamação
A asma, quarta causa de internação pelo SUS, é uma inflamação crônica das vias aéreas. O asmático tem uma resposta exagerada a certos estímulos. Ao entrar em contato com um deles, começa a ter uma crise. A musculatura de brônquios e bronquíolos se contrai, aumenta a espessura da mucosa e a produção de muco.
Com o estreitamento, a passagem do ar fica mais difícil. O paciente tosse, e quando o ar passa pelos pulmões, produz um chiado. Em casos graves, o asmático precisa ser hospitalizado. Como a doença é reversível, depois que uma crise é controlada, a pessoa fica bem.
Um dos principais fatores desencadeadores é a alergia. Pólen, poeira, ácaros, restos de barata e pêlos de animais são causas comuns. A fumaça de cigarro, a poluição, as mudanças de temperatura e clima, e os exercícios também podem atacar o sistema respiratório já sensível, além de aspectos emocionais como nervosismo, irritação, ansiedade e estresse.
O controle ambiental, ou seja, o cuidado com esses estímulos, associado à medicação costuma ser suficiente para que os asmáticos tenham vida normal, podendo até mesmo ser atletas. A medicação é dividida em remédios de controle e de alívio, para crises, sendo feita por via inalatória -bombinha ou pó.
"Esse controle ambiental vale para todos. Não fumar, não ter bicho de pelúcia, evitar que animais entrem nos quartos, evita que se desenvolva asma", afirma Ciro Kirchenchtejn, pneumologista da Unifesp.
A asma é mais grave em crianças em razão do calibre da via aérea. Outro momento comum para o surgimento da asma é entre os 40 e 50 anos.


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