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Uma mistureba incrível
DANUZA LEÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Foi na Marina da Glória, no
Rio, e para entrar no recinto
era mais difícil do que se fosse a
convenção de um partido político americano: vários computadores (contei uns seis) lendo o
código de barras para ter certeza
de que o convidado era mesmo
convidado, e uma imensidão de
seguranças, para caso de fraude.
Os mais de mil convidados
eram divididos em três alas: a
dos paulistas, a do show business e a da colônia israelita. Havia também algumas participações especiais, como Edmundo,
o animal, mascando chicletes
sem parar, criancinhas vestindo
organdi, toda a família Diniz,
Supla com um ousado terno de
algodão rosa-schoking e sapatos
brancos, Elba Ramalho de Armani de paetês e cabelos sem cachinhos. De repente, ouviu-se a
"Marcha Nupcial".
No grande salão com cadeiras
dos dois lados, como se fosse
uma igreja, e uma passarela no
meio, entraram primeiro as daminhas e os daminhos e em seguida Angélica, linda linda. No
altar, Luciano esperava por ela.
O rabino Henry Sobel disse
umas palavras -aliás, muitas- e até citou "O Pequeno
Príncipe"; depois entrou o padre Antonio Maria, mais conhecido como o padre de "Caras",
que falou mais ainda que o rabino e ainda entrou no perigoso
terreno da poesia; demorou,
mas acabou, e foi emocionante e
lindo ver os noivos se beijando.
Saiu o cortejo, com as famílias
e os padrinhos logo atrás. Tinha
de tudo: Gloria Maria, Nelson
Piquet, Aécio Neves de braço
com Ana Maria Braga, aí os convidados se misturaram e não se
sabia mais quem era quem.
Passou-se então para o enorme salão, dando vista para a
Baía de Guanabara, onde havia
apenas algumas mesas, reservadas às famílias; no mais, muitos
sofás e poltronas de veludo preto com almofadas soltas, o que
fazia com que as pessoas circulassem sem parar.
Além disso, Neka Menna Barreto brilhou com seus canapés
originalíssimos, vários com um
toque adocicado, com tâmaras,
figos secos e ingredientes misteriosos que só Monsieur Poirot
seria capaz de reconhecer.
A música, perfeita, foi subindo
aos poucos, mas não havia pista
de dança, o que deixava no ar
aquele clima de desejo reprimido, uma coisa.
Havia mulheres divinas -a
maioria usava longo decotado e
bordado-, homens deslumbrantes, e como até os bregas
têm seu momento de luxo, sábado foi a noite.
Olha que mistureba incrível (e
nem vou botar todos os sobrenomes porque não precisa):
Parreira, Brunet, Tuffi, Chitãozinho, Xororó, Fause, Casé, Patricia e Ciro, Preta, Tom Cavalcante, Naomi, Santoro, Zeca Camargo, e agora umas linhas especiais para Sandy e Junior. Eles
são tão pequenininhos, mas tão
pequenininhos, que parecem filhotinhos -o que não impediu
Junior, de terno e gravata, de paquerar bastante uma garota, e
Sandy de receber um amasso
atrás de uma coluna. Quem
também deu o ar de sua graça
foi Luciana Gimenez com o novo namorado, mas o romance
não convence. Não convence
mesmo.
Havia ainda chiquérrimos como Eleonora Mendes Caldeira e
Ivo Rosset que iam pegar o jatinho de volta logo depois da festa
para poderem votar em Marta, e
outros, menos politizados, que
tinham vindo de Angra de barco
e iam voltar às 3h da manhã para aproveitar os feriados.
É inusitado, é raro, raríssimo,
ir a um casamento e no dia seguinte lembrar de outras coisas
além das roupas, das flores, da
decoração. Mas dessa vez foi diferente: apesar do deslumbramento da festa, do monte de famosos, da noite sensacional, a
sensação mais forte que ficou é
que o casamento de Angélica e
Luciano vai dar certo e eles vão
ser felizes para sempre.
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