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Crise nos aeroportos piora; governo mudará rota de vôos
Férias de controladores de vôo serão suspensas e funcionários, remanejados
Mudanças foram fechadas em reunião com a presença do presidente Lula, mas não há garantia de que os problemas serão resolvidos
Antônio Gaudério/Folha Imagem
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Passageiros dormem enquanto esperam o vôo em sala de embarque de Congonhas, em São Paulo |
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
CRISTINA TARDÁGUILA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO
No dia em que o atraso e cancelamento de vôos e os transtornos de passageiros atingiram todos os principais aeroportos do país, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva convocou ontem as principais autoridades do setor. Ao final do
encontro, o governo divulgou
apenas que "tem esperanças"
de que a situação volte ao normal nas próximas semanas.
Mais algumas medidas foram
tomadas para tentar reverter a
crise: mudança de rotas para
evitar o congestionamento na
área do radar de Brasília -o
que poderá aumentar o tempo
desses vôos-, suspensão das
férias e abertura de concurso
para controladores de vôo
e a criação de
uma "cooperativa" com
representantes de empresas aéreas,
controladores
de radar e
funcionários
da Anac
(Agência Nacional de
Aviação Civil). Caberá a
essa cooperativa decidir
em tempo
real as prioridades de decolagens e eventuais fusões de
vôos para diminuir o tráfego.
Segundo o presidente do
Snea (Sindicato Nacional das
Empresas Aeroviárias), George
Ermakoff, "a qualquer sinal de
problemas, as empresas aéreas
poderão se antecipar aos fatos."
Os ministros Waldir Pires
(Defesa) e Dilma Rousseff (Casa Civil) analisaram a crise no
setor ontem com o comandante da Aeronáutica, Luiz Carlos
Bueno, o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, e o presidente da Anac,
Milton Zuanazzi, no Palácio do
Planalto. "Estou preocupadíssimo com o feriadão", sintetizou Pereira, minutos antes da
reunião. Ele disse ainda que
cancelou um vôo que faria a Belo Horizonte. "Amanhã [hoje]
eu tenho que estar às 5 da tarde
no Rio. Por isso vou chegar às 6
da manhã no aeroporto", disse.
A crise no setor aéreo teve
início na semana passada,
quando os controladores de
vôo de Brasília iniciaram uma
operação-padrão: elevaram a
distância entre os aviões e reduziram o número de aeronaves vigiadas por controlador.
Um controlador de vôo afirmou ontem que a mobilização
em Brasília já influenciou operadores de tráfego de outras regiões do país, como no Sul.
Algumas das medidas, como
a cooperativa, seriam testadas
já no final do dia de ontem e durante a intensa movimentação
nos aeroportos hoje, véspera do
feriado de Finados.
Na segunda-feira, o governo
já havia impedido os vôos não-regulares, como jatos executivos e aviões particulares, nos
horários de pico -a medida,
porém, não surtiu efeito.
As restrições impostas pela
Aeronáutica para aviões de pequeno porte e jatos executivos
provocou a mobilização de empresas de táxi aéreo, que, afetadas pela medida, mantiveram
contatos com autoridades da
aviação e se diziam otimistas
com um provável recuo do governo ainda nesta semana.
O superintendente do sindicato das empresas de táxi aéreo, Fernando Alberto Santos,
disse que os clientes foram informados que os serviços teriam acréscimo de até 15% por
conta de desvios das rotas originais de forma a evitar as áreas
de tráfego mais movimentadas.
No médio prazo, os controladores da ativa tiveram suas férias suspensas e operadores da
reserva ou afastados da função
vêm sendo convidados pela Aeronáutica. Houve também remanejamento de militares especializados para Brasília, onde
passam por treinamento de
adaptação ao equipamento local. A Aeronáutica abrirá concurso para 208 vagas.
Também foram abertos corredores especiais para as principais rotas do país. Os vôos
com origem ou destino em São
Paulo, Rio e Belo Horizonte terão um corredor livre para que
possam "sair do caldeirão".
Os aviões que circularem entre São Paulo, Rio e as cidades
do Nordeste, por sua vez, trafegarão por uma rota especial
aberta sobre o oceano Atlântico. Essa medida tornará as viagens mais longas e gerará um
gasto de combustível maior para as companhias aéreas.
As viagens entre o Sul e o
Nordeste serão feitas por uma
rota também especial criada
sobre o Estado de Mato Grosso.
A Aeronáutica estuda opções
para elevar o salário dos controladores sem criar efeito cascata para os demais militares.
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