São Paulo, quarta-feira, 01 de novembro de 2006

Próximo Texto | Índice

Crise nos aeroportos piora; governo mudará rota de vôos

Férias de controladores de vôo serão suspensas e funcionários, remanejados

Mudanças foram fechadas em reunião com a presença do presidente Lula, mas não há garantia de que os problemas serão resolvidos


Antônio Gaudério/Folha Imagem
Passageiros dormem enquanto esperam o vôo em sala de embarque de Congonhas, em São Paulo


IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

CRISTINA TARDÁGUILA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO

No dia em que o atraso e cancelamento de vôos e os transtornos de passageiros atingiram todos os principais aeroportos do país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou ontem as principais autoridades do setor. Ao final do encontro, o governo divulgou apenas que "tem esperanças" de que a situação volte ao normal nas próximas semanas.
Mais algumas medidas foram tomadas para tentar reverter a crise: mudança de rotas para evitar o congestionamento na área do radar de Brasília -o que poderá aumentar o tempo desses vôos-, suspensão das férias e abertura de concurso para controladores de vôo e a criação de uma "cooperativa" com representantes de empresas aéreas, controladores de radar e funcionários da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Caberá a essa cooperativa decidir em tempo real as prioridades de decolagens e eventuais fusões de vôos para diminuir o tráfego.
Segundo o presidente do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias), George Ermakoff, "a qualquer sinal de problemas, as empresas aéreas poderão se antecipar aos fatos."
Os ministros Waldir Pires (Defesa) e Dilma Rousseff (Casa Civil) analisaram a crise no setor ontem com o comandante da Aeronáutica, Luiz Carlos Bueno, o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, e o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, no Palácio do Planalto. "Estou preocupadíssimo com o feriadão", sintetizou Pereira, minutos antes da reunião. Ele disse ainda que cancelou um vôo que faria a Belo Horizonte. "Amanhã [hoje] eu tenho que estar às 5 da tarde no Rio. Por isso vou chegar às 6 da manhã no aeroporto", disse.
A crise no setor aéreo teve início na semana passada, quando os controladores de vôo de Brasília iniciaram uma operação-padrão: elevaram a distância entre os aviões e reduziram o número de aeronaves vigiadas por controlador.
Um controlador de vôo afirmou ontem que a mobilização em Brasília já influenciou operadores de tráfego de outras regiões do país, como no Sul.
Algumas das medidas, como a cooperativa, seriam testadas já no final do dia de ontem e durante a intensa movimentação nos aeroportos hoje, véspera do feriado de Finados.
Na segunda-feira, o governo já havia impedido os vôos não-regulares, como jatos executivos e aviões particulares, nos horários de pico -a medida, porém, não surtiu efeito.
As restrições impostas pela Aeronáutica para aviões de pequeno porte e jatos executivos provocou a mobilização de empresas de táxi aéreo, que, afetadas pela medida, mantiveram contatos com autoridades da aviação e se diziam otimistas com um provável recuo do governo ainda nesta semana.
O superintendente do sindicato das empresas de táxi aéreo, Fernando Alberto Santos, disse que os clientes foram informados que os serviços teriam acréscimo de até 15% por conta de desvios das rotas originais de forma a evitar as áreas de tráfego mais movimentadas.
No médio prazo, os controladores da ativa tiveram suas férias suspensas e operadores da reserva ou afastados da função vêm sendo convidados pela Aeronáutica. Houve também remanejamento de militares especializados para Brasília, onde passam por treinamento de adaptação ao equipamento local. A Aeronáutica abrirá concurso para 208 vagas.
Também foram abertos corredores especiais para as principais rotas do país. Os vôos com origem ou destino em São Paulo, Rio e Belo Horizonte terão um corredor livre para que possam "sair do caldeirão".
Os aviões que circularem entre São Paulo, Rio e as cidades do Nordeste, por sua vez, trafegarão por uma rota especial aberta sobre o oceano Atlântico. Essa medida tornará as viagens mais longas e gerará um gasto de combustível maior para as companhias aéreas.
As viagens entre o Sul e o Nordeste serão feitas por uma rota também especial criada sobre o Estado de Mato Grosso.
A Aeronáutica estuda opções para elevar o salário dos controladores sem criar efeito cascata para os demais militares.


Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.