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ANÁLISE
As escolas estão tomando consciência
LINO DE MACEDO
ESPECIAL PARA A FOLHA
No Brasil, a valorização de
um ensino por competências e
habilidades na educação básica
foi desencadeada pelo Enem.
Para a formulação deste exame, de acordo com o proposto
nas Leis das Diretrizes e Bases
da Educação Nacional, ocorreram-nos as seguintes questões:
o que a sociedade, a família e os
próprios alunos podem esperar
ao término do ensino médio?
O
que levam para sua vida, do que
aprenderam na escola? Qual é o
valor de uma educação básica
para todas as crianças e jovens
do Brasil? Entendemos, então,
que a melhor resposta para este
tipo de avaliação externa seria
verificar o quanto e o como os
alunos sabiam pensar conteúdos disciplinares em termos de
competências e habilidades a
eles relacionadas.
O reconhecimento social
desta forma de avaliação repercutiu nas escolas, lembrando-as de que conteúdos disciplinares se não transformados em
procedimentos ou modos de
compreender as coisas acabam
esquecidos ou substituídos por
outros. Recuperou-se, assim, o
compromisso de se educar para
a vida nos termos atuais.
Nesta nova perspectiva, os
professores, designados pelas
disciplinas em que são especialistas (matemática, língua portuguesa, história, artes etc.),
devem se comportar como
"profissionais da aprendizagem". O que era fim (os conteúdos disciplinares) agora são
meios por intermédio dos quais
os alunos aprendem a pensar,
criticar, antecipar, argumentar,
tomar decisões.
Valorizar competências e habilidades na educação básica
significa compreender crianças
e jovens como capazes de
aprender noções básicas das
disciplinas científicas, expressar pontos de vista, viver contradições ou insuficiências e
construir autonomia.
Trata-se, de modo geral, de
aprender a ser competente para trabalhar em grupo, defender posições, argumentar,
compartilhar informações,
participar e cooperar em projetos, definir, aceitar ou consentir em regras que organizam ou
disciplinam o convívio escolar,
respeitar limites de espaço e
tempo. Trata-se, de modo específico, de aprender, por exemplo, a fazer cálculos para utilizá-los bem na resolução de um
problema, que demanda compreensão, tomada de decisão,
demonstração. Conhecer leis
da biologia, química ou física
entregando-se a suas verdades
na prática, ou seja, reconhecendo que aquilo que está nos livros também pode acontecer
na realidade.
Quanto mais uma sociedade
é livre, democrática, aberta e
sensível à diversidade dos interesses e possibilidades de seus
integrantes, mais o exercício da
competência é requerido em situações do cotidiano da vida.
Maravilha, que ela (a escola) está tomando consciência disto.
LINO DE MACEDO é professor de Psicologia do Desenvolvimento aplicada à Educação do Instituto de Psicologia da USP e um dos formuladores do Enem
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