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Para o São Luís, regra reflete "hipocrisia"
DA REPORTAGEM LOCAL
Na contramão da tendência geral, o centenário e jesuíta Colégio
São Luís condena a expulsão do
aluno por uso ou porte de droga.
Nas palavras do padre Guy Ruffier, 70, reitor da instituição, a medida predominante na rede é "reflexo de uma sociedade preconceituosa, fechada e hipócrita".
"É como os pais que expulsam
as meninas grávidas de casa.
Quem não tem pecado que atire a
primeira pedra. Isso mostra que
os adultos querem exigir dessa juventude responsabilidades e definições que eles mesmos não têm."
O que os psicólogos denominam momento educativo, o padre
chama de perdão. "Não posso expulsar o fraco. Isso seria empurrar
com a barriga o problema para a
sociedade. Iria contra a educação.
Aqui não adotamos a lei de talião,
mas a da misericórdia."
O colégio, diz padre Guy, enfrenta frequentemente os flagrantes. "Isso é comum, minha irmã."
Nesses casos, costuma conversar
com os alunos e, "quando é viável", com os pais. "Também há
pais desequilibrados. Muitas vezes as drogas são compensação
para famílias desestruturadas."
O jesuíta não descarta a possibilidade de que a posição adotada
pela instituição possa levar os estudantes a questionar a autoridade da escola, mas duvida disso.
"Não acreditamos em medidas
exemplares. Isso é um princípio
da lei civil. A nossa lei é a da consciência. A escola é uma antecipação da vida. E educar é a arte de
apertar as normas, mas aceitar os
erros e acreditar nos acertos."
O forte traço religioso das diretrizes da escola acompanha também sua visão de prevenção.
"Aqui falamos de respeito, de
auto-estima, de valorização da vida. Prevenção é formação de valores. Falam em palestras, em cursos, mas é o mesmo que falar em
aula de trânsito e de sexo. Isso é
uma besteira. Vida é mais experiência do que academicismo. Às
vezes falar é pior, só aumenta a
curiosidade. É melhor experimentar, errar, corrigir e perdoar."
Nas demais escolas, os valores
também são a base da prevenção.
Na maioria, fala-se abertamente
de drogas. Em algumas, como no
também religioso Santo Américo,
o aluno tem garantia de sigilo
-até com relação aos pais- se
buscar ajuda na instituição.
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