São Paulo, sexta-feira, 01 de dezembro de 2006

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BARBARA GANCIA

Mãos ao alto, Maxwell Smart!


As gêmeas Beavis e Butt- Head Bush foram flagradas torcendo e vibrando no templo do antiimperialismo


FALAM TANTO do Fábio, o chamado "Lulinha", filho do nosso presidente, não falam? Que ele isso e aquilo e aquilo outro. Mas, peraí: prefiro mil vezes o Lulinha com seus megacontratos à luz do dia (agora são), do que as filhas bovinas do señor Bush y su señora Laura.
As gêmeas Beavis e Butt-Head Bush conseguiram a proeza de terem sido flagradas no estádio La Bombonera, templo sul-americano do antiimperialismo, vestindo a camisa do time de Maradona e torcendo alegremente, enquanto "el pibe de oro" ria de boné de guerrilheiro cubano no camarote ao lado. O mesmo Maradona, note, que já mandou o presidente Bush se fuck por inteiro em encontro com o general Chávez. É de rolar ou o quê?
Antes disso, a Debi Barbara, irmã da Lóide Jenna, teve a bolsa furtada no restaurante Jangada, no bairro de San Telmo. Terão elas ido a Buenos Aires pensando que haviam aportado no Rio de Janeiro?
Seria o caso de o embaixador norte-americano na capital argentina entregar as credenciais e pedir para voltar ao seu bangalô no Kentucky (estou chutando), não fosse o fato tragicômico de o serviço secreto que acompanha as duas gurias ter sido ainda mais inepto do que ele.
Aparentemente, os quatro seguranças das gêmeas Bush não estavam preparados para o ataque de destruição em massa de um punguista. Mesmo armados com pesada artilharia e equipados com óculos infravermelhos para visão noturna, eles foram incapazes de deter a ação de um batedor de carteira. É de dar íngua na virilha de tanto rir.
E se o batedor de carteira fosse funcionário do Bin Laden? A gente imaginaria que, para roubar as filhas de Bush, o cara teria de ser algum Arsène Lupin, não é mesmo? Na terça-feira, o jornal portenho "Página 12" chamou o ladrão da bolsa da filha de Bush de "ingenuo ladronzuelo" e riu à beça das trapalhadas dos Maxwell Smart que fazem a proteção das meninas. Depois disso, a imprensa argentina, em coro, quebrou o queixo de tanto gargalhar quando a embaixada emitiu uma declaração "no comments".
Se tem uma coisa que admiro e invejo nos argentinos é o poder que eles têm de tripudiar em cima de quem quer que seja.

Insuficiente
Sobre a lei aprovada com 14 anos de atraso, na quarta-feira, do projeto que disciplina as formas de exploração e preservação da mata atlântica, tenho isto a dizer: respeito a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pela postura digna e a defesa heróica do ambiente. É uma das poucas pessoas que admiro neste nosso brasilzão de meu Deus.
Mas essa é uma lei adolescente, que vem atrasada. Não há o que comemorar. Eu sei: nunca é tarde. Mas a lei deveria ser estendida aos demais biomas do país, mais ameaçados do que a própria ameaçadíssima mata atlântica: o cerrado, a caatinga e a Amazônia.
Mais importante até do que o controle da emissão de fumaça pelos automóveis é ver onde os bois tomam água e comem seu capinzinho. Enquanto houver boi tomando água dentro da mata, pisoteando os córregos e transformando as microbacias em pastel, estaremos sujeitos à lei da ignorância.

barbara@uol.com.br


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