São Paulo, sexta-feira, 01 de dezembro de 2006

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Dona de banca teve certeza de que morreria

DA REPORTAGEM LOCAL

Maria Aparecida Duarte, 41, teve certeza de que morreria. Dona de uma banca de revistas na av. Dr. Chucri Zaidan, zona sul de São Paulo, perto do shopping Morumbi, ela foi vítima da enchente de ontem.
Só não sabia se morreria afogada na enchente, já que não aprendeu a nadar, ou se eletrocutada, em razão de um curto-circuito causado pela entrada de água na banca.
"Entrei para levantar os produtos e evitar que eles molhassem, mas a água subiu rapidamente. Quando me dei conta, estava com a água na altura do pescoço. A porta da banca emperrou, subi numa escada que tenho e gritei por socorro."
Além de perder inúmeros exemplares de revistas, jornais e caixas de bala, ela também perdeu o carro, um Siena, para a correnteza. "Não tenho medo de morrer, mas morrer nessa água suja ninguém merece", diz ela, ressaltando que agora precisará trabalhar muito para recuperar o prejuízo.
Assim como a banca, lojas, postos de gasolina, lanchonetes e casas na região foram afetadas pela enchente.
O posto BR da rua Chafic Maluf só conseguiu abrir após as 16h. A água da enchente danificou as ilhas de abastecimento, entrou na loja de conveniência e levou cerca de 150 produtos (entre óleos, aditivos e filtros de ar condicionado). "Uma carreta passou na hora da chuva e empurrou a água com mais força para dentro do posto. A prefeitura deveria impedir o tráfego de ônibus e caminhões nessa via quando chove para evitar o problema", diz o gerente do posto, José Luiz Delegais.
Na casa de Sheila Novaes, no Brooklin, a chuva também causou estragos. Molhou sofá, cortina, tapete e a mesa. "Mas pelo menos conseguimos retirar documentos de gavetas e levantá-los", afirma.
Num escritório de engenharia na rua Joaquim Lima de Moraes, 18 cestas básicas foram atingidas. "Dois computadores, um aparelho de fax e uma TV estragaram", afirma o encarregado administrativo Marcelo Passos.
A dona da loja de peixes ornamentais CPOR, Renata Pires, prevê um prejuízo de R$ 10 mil. "Alem de ter perdido produtos, doze aquários foram quebrados, saíram boiando", conta. Ela diz que em dez anos não vê uma enchente tão feia na rua Chafic Maluf, onde mora e também tem seu comércio.
"Acho que o piscinão [Jabaquara] não estava funcionando direito. A água subiu muito rápido e depois escoou em dez minutos, talvez porque tenham aberto as comportas", diz.
(AFRA BALAZINA)


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