|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Educadores apóiam, mas com ressalvas
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Educadores apóiam o projeto do Ministério da Saúde
de instalar máquinas de camisinhas nas escolas, mas dizem que a medida deve ser
acompanhada de um programa pedagógico consistente
sobre educação sexual.
Do ponto de vista de prevenção a doenças, a psicóloga
Angela Soligo, coordenadora
do curso de pedagogia da
Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), diz que
a medida é "bem-vinda".
Ela lembra que hoje se fala
muito em prevenção do HIV
e das DSTs entre os adolescentes, mas nem sempre a
camisinha está disponível
para esse público. "Muitos
não têm dinheiro, outros
têm vergonha de entrar numa farmácia ou no supermercado e comprar."
Porém, ela afirma ser fundamental incluir nessa discussão os professores e os
pais. "Não adianta ver a
questão da sexualidade com
moralismo. Nossos jovens
praticam sexo. A sexualidade
não é mais como era na década de 50."
Ela defende mudança no
"caráter biologizante" da
educação sexual existente
hoje nas escolas. "Fala-se
muito do corpo. É preciso focar no sujeito, nos sentimentos desses jovens, nos conflitos, nas relações. Dar ouvido
às suas angústias."
A pedagoga Silvia Gasparian Colello, professora da
Faculdade de Educação da
USP, também vê com ressalvas a iniciativa. "Do ponto de
vista de saúde pública, tudo o
que vier para prevenir o HIV
e as DSTs é interessante.
Mas não é só isso. Tem que
haver um programa de educação sexual associado."
Segundo Colello, não basta
pensar apenas na prevenção
de doenças. É necessário trabalhar com a consciência e os
valores desses jovens para
que eles tenham uma vida
afetiva e sexual saudável.
"A escola é um espaço educativo. Uma máquina de camisinha por si só pode reforçar a banalização do sexo se
não for inserida dentro de
um projeto sério, com profissionais que tenham competência para trabalhar isso."
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Saúde: Dengue atinge cidades menores, diz Temporão Índice
|