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George Cals de Oliveira e o militarismo
WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O governo "eleito pelo regime democrático" em 1989
"estava levando o país ao
caos", desde que "passou a
ter em suas hostes elementos esquerdistas, desqualificados".
Ou assim pensava George
Cals de Oliveira, primeiro
nome da Marinha na lista
dos oficiais fundadores do
grupo Guararapes -criado
para combater "as agressões
e as infâmias" contra as Forças Armadas.
E que servia de hobby para
quem já fora um rapaz obstinado, que deixou Fortaleza
para estudar na Escola Naval
do Rio nos anos 1930 -quando o pai já era prefeito, com
direito a nome de hospital e
escola. E quando o irmão já
era político -foi governador,
senador e ministro do general Figueiredo.
Austero e reservado, o engenheiro naval formado pelo
Instituto Militar de Engenharia e também pela Escola
Superior de Guerra só deixou a Marinha em 1964. Não
que tenha saído por causa do
golpe, já que "defendia o governo como tinha defender".
Reformado, foi trabalhar
como engenheiro na Light.
Mas "gostava é de ser chamado de almirante". Em casa,
guardava cada espada e medalha ganhadas, expostas na
estante comprada para isso.
Deixou cinco filhos, 14 netos e 12 bisnetos, ao morrer
no dia 22, aos 93, de falência
múltipla dos órgãos, em um
hospital do Rio.
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