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entrevista
Medida é boa, mas restrita, diz especialista
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o especialista em
medicina de tráfego José
Montal, a medida da prefeitura é "louvável" na tentativa de evitar acidentes
por conta do uso do álcool,
mas atingirá um público
muito restrito.
(TB)
FOLHA - O que o senhor acha
da medida?
JOSÉ MONTAL - Acho louvável, principalmente porque a decisão de não dirigir tem que ser tomada antes de beber, porque depois a capacidade de julgamento está alterada pelo
próprio álcool. Se a pessoa
tiver a possibilidade e as
condições econômicas de
pegar o táxi, evidentemente que a medida vai contribuir para que não se dirija
depois de beber. Mas é para um grupo diferenciado
de pessoas, no qual ocorrem menos acidentes.
FOLHA - Como assim?
MONTAL - Nesses estratos
privilegiados, é onde a sociedade se organiza melhor. No grupo de jovens
de classe média baixa, onde há uma mortalidade
muito grande, o táxi não
está dentro da viabilidade
econômica deles. Talvez a
medida esteja muito voltada para uma determinada
classe social, pequena na
população. Seria necessário ter outros estímulos
para que a pessoa tivesse
opções de não dirigir depois de beber, outros tipos
de transporte.
FOLHA - Haverá adesão?
MONTAL - Geralmente a
saída para beber é um momento de socialização. A
pessoa sai para ver e ser
visto. O veículo está dentro dessa lógica. Chegar de
ônibus não é visto da mesma forma que chegar de
carro. O uso do automóvel
é um mecanismo de status, de a pessoa poder se
posicionar.
FOLHA - O que fazer?
MONTAL - A medida [desconto no táxi] precisa ser
bem divulgada para que a
pessoa que sai para beber
saiba que tem essa opção.
Os comunicadores precisam pensar em meios de
resolver essa questão da
imagem.
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