São Paulo, quarta-feira, 01 de dezembro de 2010

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GILBERTO DIMENSTEIN

Síndico 2.0


Nas reuniões, Marcelo apresenta projetos sociais que poderiam ser apoiados pelos moradores do prédio


FORMADO EM ENGENHARIA MECÂNICA pela USP, Marcelo Amorim teve uma trajetória profissional diferente. Depois de fazer um MBA em projetos de melhoria de qualidade, trabalhou no Santander, no Unibanco, na Credicard e na HP. Mas só descobriu mesmo sua vocação de comunicador quando virou síndico do prédio onde morava. "Morria de medo de falar em público. Eu suava, minhas mãos tremiam."
Entre os suores e tremedeiras, ele suspeitou que pudesse reinventar-se experimentando uma profissão ainda sem nome. Sua nova atividade poderia ser denominada "especialista em comunicação de condomínios" ou algo assim. "Logo perdi o medo de falar em público. E vi que poderia, quem sabe, viver disso".

 


Na época em que virou síndico, Marcelo estava aprendendo sobre endomarketing na HP, empresa em que trabalhava. Foi então que tomou contato com essa espécie de mistura das estratégias de marketing com as atribuições da área de recursos humanos cujo objetivo é motivar os funcionários da empresa. "Foi nesse momento que descobri o encanto da comunicação."
Aplicou no prédio em que mora o que aprendeu no trabalho. Aposentou o velho mural e montou um sistema de redes sociais para divulgar notícias sobre os moradores e sobre os serviços básicos da região -chaveiro, lavanderia, dentista, bombeiro, marceneiro, sapateiro etc. -, além da programação cultural que ocorria nas proximidades. Outras iniciativas suas foram a criação de um espaço para compostagem e coleta seletiva de lixo e a promoção de encontros informais para estimular a interação entre os moradores.
Tomou, então, uma inesperada decisão -fruto da descoberta de um prazer. Pediu demissão de seu emprego e resolveu dedicar-se à carreira de especialista em comunicação de condomínio. "Muita gente riu."

 


Montou uma empresa chamada "Viva Condomínios". Com o tempo, começaram a aparecer clientes. Marcelo decidiu explorar alguns filões de mercado. Para baratear custos ou bancar melhorias, empresas são chamadas a apoiar projetos com a contrapartida de expor suas marcas nos sistemas internos de comunicação.
Ele acha que talvez esteja ajudando a reinventar não apenas os condomínios, tão fechados e murados, mas um pouco da própria cidade. Nas reuniões dos condôminos, Marcelo apresenta uma lista de projetos sociais no entorno do prédio que poderiam ser apoiados pelos moradores. Ainda o olham com estranheza, mas ele imagina que, com o tempo, essa integração venha a ser algo comum, semelhante ao que se pratica nas empresas que desenvolvem trabalhos de responsabilidade social.
Algumas de suas propostas comunitárias já vêm ganhando espaço. Uma delas, pelo menos, já emplacou. Foi o caso do apoio de um condomínio vizinho à Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo) a um programa educacional para crianças -filhos de funcionários da central de abastecimento.
No próximo ano, Marcelo pretende lançar um projeto para que as pessoas possam usar menos o carro, optando pelo sistema de caronas, o que vai significar menos gastos, menos poluição e, é claro, menos congestionamentos.

gdimen@uol.com.br


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