São Paulo, quarta-feira, 01 de dezembro de 2010

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GUILHERMINA DA CONCEIÇÃO CARDANHA CORDIDO (1921-2010)

Tratou dos cabelos de Elis Regina

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

A portuguesa Guilhermina da Conceição Cardanha Cordido até tentou alguns negócios com o marido, como o bazar que tiveram em Franco da Rocha, mas sem sucesso.
Viúva desde 1969, quando o marido morreu aos 42 anos vítima de câncer, ela passou a manter a família e pagou os estudos dos filhos como cabeleireira. A casa ela comprou com venda de perucas.
Num salão onde trabalhou na avenida Nove de Julho, tratou dos cabelos de uma cliente ilustre: Elis Regina.
A ideia de vir ao Brasil em 1924, com Guilhermina ainda criança, foi de seu pai, que servira o Exército na África e não via perspectivas em Portugal. No começo, foram morar num cortiço no bairro do Pari, centro de São Paulo.
Logo cedo a menina começou a trabalhar. Vendeu galinhas atrás do Mercado Municipal, lavou roupas no rio Tietê, foi empregada doméstica e trabalhou fazendo seda numa tecelagem do Brás.
Nunca se acomodou, conta a família, e foi fazer curso de cabeleireira. Por um tempo, seu salão foi em casa.
Com as caixinhas que Guilhermina recebia no trabalho, um filho conseguiu se formar em engenharia. E ela ainda ajudou a pagar a faculdade de psicologia da filha.
Dava muita importância aos estudos e tinha orgulho dos dois netos estarem na Unesp e uma na USP.
Vaidosa, só saía de casa maquiada, o que fez até o fim. Nos últimos tempos, foi morar com a filha em Itu.
Morreu na quarta passada, aos 89 anos, em decorrência de uma pneumonia. A missa de sétimo dia será hoje, às 18h, na capela Santa Cruz, em Santana, São Paulo.

coluna.obituario@uol.com.br


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