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MATRÍCULAS
Primeiro dia de inscrição na rede estadual de Campinas gerou espera em pelo menos dez escolas da cidade
Pais ficam até 17 horas em fila por vaga
LUCIANO CALAFIORI
MAURÍCIO SIMIONATO
da Folha Campinas
O primeiro dia de matrícula para
a 1ª série da rede estadual de ensino em Campinas (99 km de São
Paulo) causou filas de pais de alunos em pelo menos dez escolas da
cidade. Mas apesar de os pais terem passado a tarde de anteontem
e a madrugada de ontem acampados em frente às escolas para garantir uma vaga, apenas 1.300 das
15 mil vagas oferecidas foram
preenchidas. O prazo para matrícula termina amanhã.
Segundo o dirigente regional de
Ensino de Campinas, Élcio Selmi,
as escolas mais "concorridas" são
as que estão localizadas nas proximidades de ocupações de sem-teto.
Na Escola Estadual Padre Paul
Eugênio Chabonneau, no Jardim
Fernanda 1, havia 70 vagas disponíveis que foram preenchidas ontem mesmo. Pelo menos 37 pais
dormiram em frente à escola para
garantir a matrícula dos filhos.
Até as 13h, horário de início das
inscrições na escola, todas as senhas tinham sido distribuídas.
A maioria dos pais acampados
na escola do Jardim Fernanda 1 vinha da ocupação Dom Gilberto e
da Fazenda Itaguaçu.
17 horas
O autônomo Pedro Miguel Fernandes passou cerca de 17 horas
em frente à escola para conseguir
fazer a matrícula de sua filha Helena, 6.
Na Escola Estadual Francisco
Ponzio Sobrinho, no Jardim Santa
Odila, pelo menos 15 pais de
crianças entre 6 e 7 anos passaram
a noite de anteontem e madrugada
de ontem em frente à escola para
conseguir realizar a matrícula, que
aconteceu ontem a partir das 8h.
A Francisco Ponzio Sobrinho
tem 60 vagas disponíveis. Até as
10h, cerca de 40 matrículas haviam
sido realizadas.
A cabeleireira Nair Jacinto de Almeida foi uma das primeiras pessoas a chegar à fila. Ela chegou às
22h de anteontem e dormiu no local junto com sua filha Taine, 7.
Para passar cerca de 11 horas na
fila, ela levou colchão, travesseiro,
comida e até uma Bíblia.
"Acho um absurdo termos que
passar por essa humilhação. Tive
até que trazer minha filha junto
porque não tinha com quem deixá-la", disse.
Remanejamento
O dirigente regional de Ensino
afirmou que não há necessidade
de filas nas escolas. De acordo
com ele, há vagas suficientes para
todas as crianças.
Selmi admitiu, no entanto, que
pode haver falta de vagas em algumas regiões, como as próximas a
ocupações.
"Vamos tentar remanejar as
crianças que não conseguirem vagas para as escolas mais próximas
de suas casas", afirmou.
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