São Paulo, terça, 1 de dezembro de 1998

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MATRÍCULAS
Primeiro dia de inscrição na rede estadual de Campinas gerou espera em pelo menos dez escolas da cidade
Pais ficam até 17 horas em fila por vaga

LUCIANO CALAFIORI
MAURÍCIO SIMIONATO
da Folha Campinas

O primeiro dia de matrícula para a 1ª série da rede estadual de ensino em Campinas (99 km de São Paulo) causou filas de pais de alunos em pelo menos dez escolas da cidade. Mas apesar de os pais terem passado a tarde de anteontem e a madrugada de ontem acampados em frente às escolas para garantir uma vaga, apenas 1.300 das 15 mil vagas oferecidas foram preenchidas. O prazo para matrícula termina amanhã.
Segundo o dirigente regional de Ensino de Campinas, Élcio Selmi, as escolas mais "concorridas" são as que estão localizadas nas proximidades de ocupações de sem-teto.
Na Escola Estadual Padre Paul Eugênio Chabonneau, no Jardim Fernanda 1, havia 70 vagas disponíveis que foram preenchidas ontem mesmo. Pelo menos 37 pais dormiram em frente à escola para garantir a matrícula dos filhos.
Até as 13h, horário de início das inscrições na escola, todas as senhas tinham sido distribuídas.
A maioria dos pais acampados na escola do Jardim Fernanda 1 vinha da ocupação Dom Gilberto e da Fazenda Itaguaçu.

17 horas
O autônomo Pedro Miguel Fernandes passou cerca de 17 horas em frente à escola para conseguir fazer a matrícula de sua filha Helena, 6.
Na Escola Estadual Francisco Ponzio Sobrinho, no Jardim Santa Odila, pelo menos 15 pais de crianças entre 6 e 7 anos passaram a noite de anteontem e madrugada de ontem em frente à escola para conseguir realizar a matrícula, que aconteceu ontem a partir das 8h.
A Francisco Ponzio Sobrinho tem 60 vagas disponíveis. Até as 10h, cerca de 40 matrículas haviam sido realizadas.
A cabeleireira Nair Jacinto de Almeida foi uma das primeiras pessoas a chegar à fila. Ela chegou às 22h de anteontem e dormiu no local junto com sua filha Taine, 7. Para passar cerca de 11 horas na fila, ela levou colchão, travesseiro, comida e até uma Bíblia.
"Acho um absurdo termos que passar por essa humilhação. Tive até que trazer minha filha junto porque não tinha com quem deixá-la", disse.

Remanejamento
O dirigente regional de Ensino afirmou que não há necessidade de filas nas escolas. De acordo com ele, há vagas suficientes para todas as crianças.
Selmi admitiu, no entanto, que pode haver falta de vagas em algumas regiões, como as próximas a ocupações.
"Vamos tentar remanejar as crianças que não conseguirem vagas para as escolas mais próximas de suas casas", afirmou.



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