São Paulo, terça-feira, 02 de janeiro de 2001

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Acidente com fogos mata 1 e fere 48 em festa no Rio

SABRINA PETRY
VIVIANE PAULA VIANA
DA SUCURSAL DO RIO

Além da forte chuva que caiu no Rio de Janeiro, o réveillon de Copacabana foi marcado por acidentes com fogos de artifícios, que mataram uma pessoa e deixaram pelo menos 48 feridas, quatro delas em estado grave.
Os ferimentos mais graves foram provocados por estilhaços de tubos de PVC que revestiam as bombas instaladas na praia de Copacabana (zona sul). Os acidentes ocorreram por volta da 0h30 em dois pontos -um no Leme (continuação de Copacabana) e outro no meio da praia.
O mecânico José Maria Martins, 44, morreu ontem à noite, depois de ser operado no hospital Miguel Couto, na Gávea (zona sul). Ele teve a laringe perfurada por um pedaço de tubo PVC. Martins era de São Paulo e viajou ao Rio para passar o réveillon com amigos.
Além de Martins, 38 feridos em Copacabana foram levados para o Miguel Couto, sendo 11 crianças. Alguns tinham fraturas expostas, queimaduras e lesões pelo corpo.
Uma menina de 8 anos sofreu queimaduras de segundo grau no tórax e no abdômen e teve de ser operada às pressas. Rivaldo Marcelino Mota da Silva, 4, também teve lesões e queimaduras nos braços e nas nádegas.
Na tarde de ontem, 30 pessoas já haviam recebido alta. Maria de Lourdes Tarato, 56, também sofreu ferimentos graves. Ela teve queimaduras nas duas pernas, cortes profundos nas duas coxas e no ombro esquerdo. Sua boca foi dilacerada pelos estilhaços.
Severino Neto, 22, corre o risco de ficar cego de um olho por causa de uma lesão na córnea direita, atingida por estilhaços de PVC.
"Pareciam ferimentos de guerra. As pessoas tinham fraturas, algumas expostas, queimaduras, lesões e ferimentos e orifícios abertos pelo corpo todo", contou Marcelo Faria, um dos médicos de plantão na noite de réveillon.
A explosão foi tão forte que um dos estilhaços foi parar dentro de um apartamento no 12º andar de um prédio na avenida Atlântica, que beira a orla de Copacabana. O delegado Ivo Raposo, titular da 13ª Delegacia de Polícia, informou que irá instaurar inquérito hoje para apurar a responsabilidade pelo acidente.
Segundo a assessoria de imprensa da Promo 3, empresa contratada pela Abih (Associação Brasileira da Indústria Hoteleira) para realizar a queima de fogos, os acidentes não aconteceram em nenhum dos dez pontos espalhados pela praia que eram de sua responsabilidade.
A assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que os acidentes ocorreram na área da empresa Brasitália, que realizou a queima de fogos a pedido da boate Help.
No entanto, Avelino Parente, um dos sócios da Help, garantiu que os problemas aconteceram na área da empresa Promo 3, em frente ao hotel Othon. Parente disse que vai processar Fernando Oséas, chefe da Divisão de Fiscalização de Armas e Explosivos da Polícia Civil, por ter responsabilizado a Help pelos acidentes.
Médicos de plantão atenderam uma mulher de 75 anos que sofreu um ataque cardíaco na praia e acabou morrendo.


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