São Paulo, quarta-feira, 02 de janeiro de 2008

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Médicos alertam para risco de catchup em bisnagas de plástico

Tubos são vulneráveis à contaminação pelo manuseio e por concentrar resíduos de temperos que favorecem bactérias

Legislação em SP não proíbe uso de recipiente em bares e restaurantes, ao contrário de outros lugares no país que só permitem sachês

RAFAEL TARGINO
RICARDO VIEL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quem for a uma lanchonete em São Paulo e utilizar catchup e maionese acondicionados em bisnagas de plástico corre um sério risco de ter problemas de saúde. Médicos ouvidos pela Folha alertam que o uso desses tubos -principalmente se estiverem sujos- podem causar desde um mal-estar a uma infecção intestinal.
Ao contrário de outros locais no país, a legislação da cidade não proíbe o uso das bisnagas nos bares e restaurantes da cidade. Em Brasília, em Blumenau (SC) e em Votuporanga (SP), por exemplo, os bares só podem oferecer sachês aos clientes. Em São Paulo, a troca é facultativa.
Para o gastroenterologista Marcelo Ribeiro, do hospital São Luiz, um dos riscos dessas embalagens está no exterior da bisnaga. Segundo ele, como várias pessoas manuseiam o objeto, a região se torna bastante vulnerável à contaminação.
"Você não sabe se, por exemplo, a pessoa que está ao seu lado na lanchonete foi ao banheiro, não lavou a mão e pegou na bisnaga", afirma.
Outro problema está na ponta do bico do tubo -local onde se concentram resíduos dos temperos. "Ali é um meio de cultura, com concentração de carboidratos, açúcares e outros corantes. Bactérias podem ficar ali e causar uma infecção alimentar", diz.
O gastroenterologista Ricardo Barbutti chama atenção também para a forma em que esses alimentos são acondicionados. Segundo ele, o produto deve ser mantido refrigerado e o consumidor deve exigir isso. "Agora com o verão, a chance de haver contaminação aumenta", afirma.

Hábito
O casal de namorados Rodrigo Nogueira, 23, e Gabrieli dos Santos, 20, comem todos os dias fora de casa. Os dois não têm o hábito de usar a bisnaga: ele, porque não gosta de catchup e maionese; ela, por achar "anti-higiênico". "Todo mundo põe a mão. Tem gente que passa o dedo", diz, segurando a bisnaga e simulando limpar a ponta com o dedo, enquanto faz cara de reprovação.
Os amigos José Barbosa Filho, 30, e Raphael Vinícius, 24, são de Roseira, (a 160 km de São Paulo), e, quando vêm à capital, almoçam em lanchonetes.
Vinícius, que já teve uma infecção alimentar, tenta evitar o consumo de catchup e maionese em bisnaga. "Todo mundo põe a mão naquilo", justifica.
Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a decisão sobre a proibição ou não da bisnaga é exclusiva dos Estados e municípios. De acordo com a Coordenação de Vigilância em Saúde da cidade de São Paulo (Covisa), não existe projeto nesse sentido.
De acordo com Barbutti, o sachê é mais seguro porque é de uso único e já vem da fábrica fechado -só entra em contato com o oxigênio na hora em que é aberto, ao contrário dos temperos que são colocados nas bisnagas. Nesse caso, os condimentos são geralmente comprados em grande quantidade e distribuídos entre as bisnagas.


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