São Paulo, domingo, 02 de janeiro de 2011

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Ação de militares segue estratégia usada no México

DO RIO

Se as UPPs se inspiram no modelo de Medellín, a entrada do Exército na operação do Complexo do Alemão ecoa a estratégia, até aqui fracassada, do México -outro gigante latino-americano conflagrado pela violência associada ao narcotráfico.
Em 2006, o presidente Felipe Calderón decidiu decretar guerra ao tráfico e pôs o Exército nas ruas contra os cartéis criminosos.
Só à fronteiriça Ciudad Juárez, Calderón enviou, desde 2007, 6.000 militares e 2.000 policiais federais. Mas em vez de baixar, a violência disparou, e Juárez se transformou na cidade mais violenta do mundo em 2008 e 2009. Em 2010, a cidade de 1,4 milhão de habitantes já registrou um recorde de 3.000 homicídios.
Numa admissão do fracasso da estratégia de enfrentamento, o conservador Calderón já defende debate sobre a legalização das drogas -como fez recentemente o governador do Rio, Sérgio Cabral.
Apesar da falta de indicadores positivos da entrada do Exército no "front" no México, Adam Blackwell, da OEA, defende combate das Forças Armadas à criminalidade:
"Numa guerra você tem que usar as melhores armas que têm à disposição. Têm que suplantar os criminosos. O que aconteceu no México, no Brasil e em vários lugares é que os grupos criminosos passaram de pequenos narcotraficantes a corporações multinacionais. Armamentos, equipamentos de comunicação e redes de informantes são sofisticados. É preciso reagir da mesma maneira."
"Acho que só há duas condições que precisam ser garantidas: o controle civil e o respeito total aos direitos humanos", diz Blackwell.
No Alemão, os militares foram orientados a filmar as missões para garantir o cumprimento da segunda premissa. Já o controle civil existe ao definir o perímetro de atuação do Exército, mas o controle operacional da missão cabe à corporação.


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