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Morador resiste, mas adere a ecoponto
DA REPORTAGEM LOCAL
Bem próximo à primeira horta
urbana oficial de São Paulo, do
outro lado da av. Radial Leste, um
terreno abandonado no nš 54 da
pça. Giuseppe Cesario (acesso ao
viaduto Bresser) virou o primeiro
ponto de entrega descentralizada
de entulho da cidade e recebe dez
toneladas diárias de resíduos de
pequenas obras e móveis velhos.
"Inicialmente, as pessoas que
moram na vizinhança reclamaram bastante. Elas achavam que
isso aqui seria um lixão, que ficaria sujo, juntaria ratos, mas conseguimos convencê-las do contrário e agora elas são as que mais
trazem material", conta um dos
responsáveis pelo local, Antônio
Osório Monteiro, 40, o Toninho.
O ecoponto, como é chamado,
tem capacidade para abrigar até
dez vezes o que recebe hoje, mas,
pelo pouco tempo de funcionamento -abriu em outubro de
2003- e depois de tanta resistência inicial, já é considerado um sucesso pela Subprefeitura da Mooca e pelo Limpurb (Departamento de Limpeza Urbana), que está à
frente do projeto.
Benefícios
O maior benefício da entrega
descentralizada de entulho é evitar que as pessoas tenham de gastar dinheiro contratando uma caçamba para levar ao aterro de
inertes de Itaquera (extremo leste) restos de pequenas reformas.
Se o material couber em dez sacos de lixo de cem litros (somando mil litros), pode ser levado pelo próprio morador, de segunda a
sexta, das 8h às 17h, ao ecoponto.
A economia acaba evitando algo pior: que, para fugir do pagamento por uma caçamba, o responsável pela obra acabe jogando
o entulho na rua ou nas margens
dos rios, onde o material pode entupir bueiros e galerias, dificultar
o escoamento das águas e agravar
enchentes -que já são um problema recorrente em alguns pontos da zona leste.
"Cada caçamba que conseguimos encher aqui dentro são alguns "pontos viciados" que eliminamos no bairro", diz Toninho.
Pontos viciados são locais em que
se costuma jogar entulho de forma clandestina -uma irregularidade que, para ser remediada,
custa aos cofres municipais cerca
de R$ 20 milhões por ano.
"Realmente algumas ruas da região deixaram de ter entulho",
afirma a aposentada Lúcia Almeida, 65, que mora num conjunto
de prédios próximo ao ecoponto.
Ela admite que, no começo, viu
a iniciativa com certa desconfiança, mas diz que o ecoponto é
"muito limpinho e útil". "Ainda
não precisei levar nada lá, mas conheço quem levou e aprovou."
O projeto do Limpurb é colocar
ao menos um ecoponto em cada
distrito da cidade, mas isso esbarra muitas vezes na falta de áreas
disponíveis.
(MV)
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