São Paulo, segunda-feira, 02 de fevereiro de 2004

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Morador resiste, mas adere a ecoponto

DA REPORTAGEM LOCAL

Bem próximo à primeira horta urbana oficial de São Paulo, do outro lado da av. Radial Leste, um terreno abandonado no nš 54 da pça. Giuseppe Cesario (acesso ao viaduto Bresser) virou o primeiro ponto de entrega descentralizada de entulho da cidade e recebe dez toneladas diárias de resíduos de pequenas obras e móveis velhos.
"Inicialmente, as pessoas que moram na vizinhança reclamaram bastante. Elas achavam que isso aqui seria um lixão, que ficaria sujo, juntaria ratos, mas conseguimos convencê-las do contrário e agora elas são as que mais trazem material", conta um dos responsáveis pelo local, Antônio Osório Monteiro, 40, o Toninho.
O ecoponto, como é chamado, tem capacidade para abrigar até dez vezes o que recebe hoje, mas, pelo pouco tempo de funcionamento -abriu em outubro de 2003- e depois de tanta resistência inicial, já é considerado um sucesso pela Subprefeitura da Mooca e pelo Limpurb (Departamento de Limpeza Urbana), que está à frente do projeto.

Benefícios
O maior benefício da entrega descentralizada de entulho é evitar que as pessoas tenham de gastar dinheiro contratando uma caçamba para levar ao aterro de inertes de Itaquera (extremo leste) restos de pequenas reformas.
Se o material couber em dez sacos de lixo de cem litros (somando mil litros), pode ser levado pelo próprio morador, de segunda a sexta, das 8h às 17h, ao ecoponto.
A economia acaba evitando algo pior: que, para fugir do pagamento por uma caçamba, o responsável pela obra acabe jogando o entulho na rua ou nas margens dos rios, onde o material pode entupir bueiros e galerias, dificultar o escoamento das águas e agravar enchentes -que já são um problema recorrente em alguns pontos da zona leste.
"Cada caçamba que conseguimos encher aqui dentro são alguns "pontos viciados" que eliminamos no bairro", diz Toninho. Pontos viciados são locais em que se costuma jogar entulho de forma clandestina -uma irregularidade que, para ser remediada, custa aos cofres municipais cerca de R$ 20 milhões por ano.
"Realmente algumas ruas da região deixaram de ter entulho", afirma a aposentada Lúcia Almeida, 65, que mora num conjunto de prédios próximo ao ecoponto.
Ela admite que, no começo, viu a iniciativa com certa desconfiança, mas diz que o ecoponto é "muito limpinho e útil". "Ainda não precisei levar nada lá, mas conheço quem levou e aprovou."
O projeto do Limpurb é colocar ao menos um ecoponto em cada distrito da cidade, mas isso esbarra muitas vezes na falta de áreas disponíveis. (MV)


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