São Paulo, quarta-feira, 02 de fevereiro de 2005

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Igreja tenta vetar representação de Cristo no desfile da Beija-Flor

DA SUCURSAL DO RIO

A Beija-Flor volta a criar polêmica ao tentar usar a imagem de Jesus Cristo em seu Carnaval. Proibida de desfilar com uma alegoria representando o Cristo Redentor em 1989 e pressionada a retirar, há dois anos, uma cena em que Cristo participava de um tiroteio, a escola outra vez recebeu a visita de representantes da igreja.
O padre José Roberto Devellard, professor de arte sacra e pároco da Igreja da Ressurreição, em Copacabana (zona sul), e a coordenadora jurídica da Arquidiocese do Rio, Claudine Dutra, estiveram anteontem no barracão da Beija-Flor. Eles pediram para a escola não usar um ator representando Cristo no início do desfile. O enredo trata dos padres jesuítas que procuraram catequizar índios no Rio Grande do Sul, no século 17.
Segundo a advogada da arquidiocese, uma lei municipal e um artigo do regulamento da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) impedem o desrespeito aos símbolos religiosos.
"Quando era o Cristo mendigo [em 89] e o Cristo armado [em 2003], fizemos as modificações. Mas não há desrespeito agora", diz Hilton Castro, responsável pelas coreografias da Beija-Flor.
Apesar da defesa de Castro, a escola já admite que, em vez de entrar na avenida com coroa de espinhos e feridas no corpo, o ator Cleber Carvalho use apenas algum elemento que remeta à imagem de Cristo. "O símbolo já está posto para o Brasil e para o mundo. Mesmo se eu trocar a coroa de espinhos por um cocar, o público vai saber do que se trata."
O patrono da Beija-Flor, Aniz Abrahão David, estará hoje na Liesa estudando quais são as chances de a escola ser punida em caso de insistir com a representação de Cristo. É possível que a diretoria tente guardar segredo até segunda-feira para atrair ainda mais curiosidade para o desfile.


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