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Igreja tenta vetar representação
de Cristo no desfile da Beija-Flor
DA SUCURSAL DO RIO
A Beija-Flor volta a criar polêmica ao tentar usar a imagem de
Jesus Cristo em seu Carnaval.
Proibida de desfilar com uma alegoria representando o Cristo Redentor em 1989 e pressionada a
retirar, há dois anos, uma cena em
que Cristo participava de um tiroteio, a escola outra vez recebeu a
visita de representantes da igreja.
O padre José Roberto Devellard,
professor de arte sacra e pároco
da Igreja da Ressurreição, em Copacabana (zona sul), e a coordenadora jurídica da Arquidiocese
do Rio, Claudine Dutra, estiveram
anteontem no barracão da Beija-Flor. Eles pediram para a escola
não usar um ator representando
Cristo no início do desfile. O enredo trata dos padres jesuítas que
procuraram catequizar índios no
Rio Grande do Sul, no século 17.
Segundo a advogada da arquidiocese, uma lei municipal e um
artigo do regulamento da Liesa
(Liga Independente das Escolas
de Samba) impedem o desrespeito aos símbolos religiosos.
"Quando era o Cristo mendigo
[em 89] e o Cristo armado [em
2003], fizemos as modificações.
Mas não há desrespeito agora",
diz Hilton Castro, responsável pelas coreografias da Beija-Flor.
Apesar da defesa de Castro, a escola já admite que, em vez de entrar na avenida com coroa de espinhos e feridas no corpo, o ator
Cleber Carvalho use apenas algum elemento que remeta à imagem de Cristo. "O símbolo já está
posto para o Brasil e para o mundo. Mesmo se eu trocar a coroa de
espinhos por um cocar, o público
vai saber do que se trata."
O patrono da Beija-Flor, Aniz
Abrahão David, estará hoje na
Liesa estudando quais são as
chances de a escola ser punida em
caso de insistir com a representação de Cristo. É possível que a diretoria tente guardar segredo até
segunda-feira para atrair ainda
mais curiosidade para o desfile.
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