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TRÂNSITO
Setores esportivo e artístico reprovaram medida
Organizadores de eventos reclamam de cobrança por serviços da CET
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
O decreto que institui a cobrança dos serviços prestados pela
CET (Companhia de Engenharia
de Tráfego) em shows, competições esportivas, feiras e obras da
capital desagradou a representantes dos setores esportivo e artístico. Ontem, como exemplo, a empresa listou valores que vão de R$
700 (festas juninas comunitárias)
a R$ 36 mil (corridas com cinco
mil atletas e bloqueio de vias por
oito horas).
O promotor cultural Manoel
Poladian, responsável pela vinda
à cidade de músicos como Sting e
David Bowie, classificou a taxação
de ridícula. "É um desestímulo,
sobretudo porque já pagamos ISS
[Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza] sobre os shows."
O presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo del
Nero, disse que a cobrança da
CET fará com que o preço do ingresso em estádios e a mensalidade dos sócios fiquem mais caros.
Nero afirmou que as competições esportivas deveriam ter sido
incluídas na relação de eventos
isentos do pagamento -que inclui os de cunho religioso, político-partidários e sociais (promovidos por entidades de utilidade pública), além das passeatas, manifestações e desfiles cívicos. "O futebol tem fim social, cultural, faz o
povo se sentir feliz", justificou. Ele
considera a possibilidade de contestar o decreto na Justiça.
A taxa será calculada com base
no tamanho da operação necessária para orientar e desviar a circulação na área do evento e na quantidade de agentes e material de sinalização envolvidos.
O próprio autor do projeto de
lei que originou o decreto, vereador Francisco Macena (PT), faz
uma ressalva à taxação de provas
esportivas, sobretudo as disputadas por amadores. "Aquilo tem
uma função social. A cobrança dificulta a realização."
O decreto obriga os organizadores a pagar uma caução de 10%
dos custos operacionais estimados pela CET para cobrir eventuais danos às vias públicas. Além
disso, eles têm que apresentar
uma apólice de seguro contra riscos e acidentes.
O empresário Alexandre Accioly -que traz o U2 a São Paulo
neste mês- analisa a cobrança
com moderação. "Se a taxa for
compatível com o que a gente gastaria sem o auxílio da prefeitura,
não há problema."
A interpretação do decreto para
o termo "evento" é ampla: inclui
desde concentrações públicas e
obras até a circulação de veículos
de carga superdimensionada e filmagens.
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