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VIOLÊNCIA
Dados são relativos a 2005; segundo a Secretaria de Segurança, índice apresentou queda no último trimestre
SP tem 105 seqüestros relâmpagos por mês
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Números da Polícia Civil confirmam por que o seqüestro relâmpago foi um dos crimes que mais
assustou os paulistanos em 2005.
De janeiro a dezembro, foram registrados cerca de 1.260 casos na
cidade de São Paulo, uma média
de 105 por mês.
A Secretaria da Segurança Pública diz não ter dados completos
dos seqüestros relâmpagos em
2004 para fazer a comparação
com os registros do ano passado.
Mas afirma que o crime -no
qual a vítima é obrigada a sacar
dinheiro ou fornecer senhas bancárias- apresentou queda a partir do quarto trimestre de 2005.
De outubro a dezembro do ano
passado, a média caiu para 87 seqüestros relâmpagos por mês,
23% a menos do que no mesmo
período de 2004, segundo a secretaria. Nos últimos três meses daquele ano, a taxa ficou em 113 casos a cada 30 dias.
A secretaria não forneceu a evolução mensal dos registros de seqüestro relâmpago do ano passado. Afirmou apenas que essas informações não estão disponíveis
para divulgação.
Godofredo Bittencourt, diretor
do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado) -órgão que é responsável
por organizar os registros-,
também disse que não poderia
detalhar os locais e horários mais
freqüentes dos crimes. "São dados que serão usados para definir
as ações da polícia", disse.
Levantamento publicado pela
Folha no ano passado, com dados
até o começo de julho, mostrou
que 58% dos casos ocorreram na
zona oeste de São Paulo, região
que concentra bares e restaurantes e tem uma vida noturna agitada. A maioria dos crimes aconteceu no início da noite.
Segundo Bittencourt, os criminosos que realizam seqüestro relâmpago são os mesmos que cometiam roubos comuns. "São os
mesmos que roubavam Rolex ou
roubavam carro", afirmou.
Ele disse não ter dados sobre o
esclarecimento dos casos, mas
afirmou que a ação da polícia nos
locais de maior incidência de crimes é responsável pela queda do
número de ocorrências.
Registros
A polícia passou a organizar as
estatísticas de seqüestro relâmpago na capital a partir de meados
de 2004. Foi naquele ano que o
crime se banalizou.
A contabilização dos casos
ocorreu depois que o Ministério
Público abriu procedimento para
investigar por que a secretaria não
divulgava estatísticas específicas,
apesar do aumento dos registros.
Desde o segundo semestre de
1995, o governo divulga trimestralmente estatísticas criminais. A
Promotoria queria que os seqüestros relâmpagos -registrados
nos boletins de ocorrência anteriormente como roubo- fossem
incluídos nessas estatísticas.
Em agosto de 2004, a Delegacia
Geral de Polícia publicou recomendação que esses casos fossem
registrados nos distritos policiais
como roubo/extorsão mediante
seqüestro (essa última tipificação
é usada para o seqüestro tradicional, com cativeiro e pedido de resgate à família da vítima).
A palavra seqüestro relâmpago
também teria de ser incluída no
histórico do boletim de ocorrência para possibilitar uma busca
eletrônica. "Foram todas essas
mudanças que possibilitaram a
realização das estatísticas", afirmou Bittencourt.
O Ministério Público, no entanto, afirma que a intenção era tratar o seqüestro relâmpago com o
mesmo rigor do seqüestro tradicional, o que não aconteceu.
A Promotoria queria que os delegados indiciassem (acusação
formal) os suspeitos de seqüestro
relâmpago por extorsão mediante
seqüestro, em vez de roubo, o que
aumentaria a pena.
De janeiro a novembro de 2005,
apenas 14% dos registros policiais
de extorsão mediante seqüestro
resultaram em denúncia dos criminosos à Justiça por esse mesmo
crime -os autores de seqüestros
relâmpago continuaram sendo
indiciados pela polícia por roubo.
O governo paulista afirma que
essa alteração exige modificação
do Código Penal.
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