São Paulo, quinta-feira, 02 de fevereiro de 2006

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VIOLÊNCIA

Dados são relativos a 2005; segundo a Secretaria de Segurança, índice apresentou queda no último trimestre

SP tem 105 seqüestros relâmpagos por mês

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Números da Polícia Civil confirmam por que o seqüestro relâmpago foi um dos crimes que mais assustou os paulistanos em 2005. De janeiro a dezembro, foram registrados cerca de 1.260 casos na cidade de São Paulo, uma média de 105 por mês.
A Secretaria da Segurança Pública diz não ter dados completos dos seqüestros relâmpagos em 2004 para fazer a comparação com os registros do ano passado. Mas afirma que o crime -no qual a vítima é obrigada a sacar dinheiro ou fornecer senhas bancárias- apresentou queda a partir do quarto trimestre de 2005.
De outubro a dezembro do ano passado, a média caiu para 87 seqüestros relâmpagos por mês, 23% a menos do que no mesmo período de 2004, segundo a secretaria. Nos últimos três meses daquele ano, a taxa ficou em 113 casos a cada 30 dias.
A secretaria não forneceu a evolução mensal dos registros de seqüestro relâmpago do ano passado. Afirmou apenas que essas informações não estão disponíveis para divulgação.
Godofredo Bittencourt, diretor do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado) -órgão que é responsável por organizar os registros-, também disse que não poderia detalhar os locais e horários mais freqüentes dos crimes. "São dados que serão usados para definir as ações da polícia", disse.
Levantamento publicado pela Folha no ano passado, com dados até o começo de julho, mostrou que 58% dos casos ocorreram na zona oeste de São Paulo, região que concentra bares e restaurantes e tem uma vida noturna agitada. A maioria dos crimes aconteceu no início da noite.
Segundo Bittencourt, os criminosos que realizam seqüestro relâmpago são os mesmos que cometiam roubos comuns. "São os mesmos que roubavam Rolex ou roubavam carro", afirmou.
Ele disse não ter dados sobre o esclarecimento dos casos, mas afirmou que a ação da polícia nos locais de maior incidência de crimes é responsável pela queda do número de ocorrências.

Registros
A polícia passou a organizar as estatísticas de seqüestro relâmpago na capital a partir de meados de 2004. Foi naquele ano que o crime se banalizou.
A contabilização dos casos ocorreu depois que o Ministério Público abriu procedimento para investigar por que a secretaria não divulgava estatísticas específicas, apesar do aumento dos registros.
Desde o segundo semestre de 1995, o governo divulga trimestralmente estatísticas criminais. A Promotoria queria que os seqüestros relâmpagos -registrados nos boletins de ocorrência anteriormente como roubo- fossem incluídos nessas estatísticas.
Em agosto de 2004, a Delegacia Geral de Polícia publicou recomendação que esses casos fossem registrados nos distritos policiais como roubo/extorsão mediante seqüestro (essa última tipificação é usada para o seqüestro tradicional, com cativeiro e pedido de resgate à família da vítima).
A palavra seqüestro relâmpago também teria de ser incluída no histórico do boletim de ocorrência para possibilitar uma busca eletrônica. "Foram todas essas mudanças que possibilitaram a realização das estatísticas", afirmou Bittencourt.
O Ministério Público, no entanto, afirma que a intenção era tratar o seqüestro relâmpago com o mesmo rigor do seqüestro tradicional, o que não aconteceu.
A Promotoria queria que os delegados indiciassem (acusação formal) os suspeitos de seqüestro relâmpago por extorsão mediante seqüestro, em vez de roubo, o que aumentaria a pena.
De janeiro a novembro de 2005, apenas 14% dos registros policiais de extorsão mediante seqüestro resultaram em denúncia dos criminosos à Justiça por esse mesmo crime -os autores de seqüestros relâmpago continuaram sendo indiciados pela polícia por roubo.
O governo paulista afirma que essa alteração exige modificação do Código Penal.


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