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Carnaval 2008
Polícia do Rio apura verba de escolas
Para polícia, 4 de 12 escolas usam dinheiro ilegal; Mangueira será investigada na semana que vem
Só Portela, São Clemente e Porto da Pedra sobreviveriam
com verba oficial; as demais misturariam dinheiro legal e
ilegal; escolas negam
MÁRCIA BRASIL
DA SUCURSAL DO RIO
Se a quarta-feira será de Cinzas, a quinta-feira poderá ser
negra, ao menos para a Mangueira. Na próxima semana, os
"livros-caixas" da escola serão
analisados pelo 17ª DP (São
Cristóvão), responsável por
apurar suspeita de envolvimento de diretores da escola
com traficantes de drogas.
Segundo a polícia, das 12
agremiações do Grupo Especial
do Rio, 4 têm bicheiros como
"patronos" -Beija-Flor, Imperatriz Leopoldinense, Grande
Rio e Viradouro. Três sobrevivem apenas com a verba da
subvenção oficial da prefeitura
e do Estado -Portela, São Clemente e Porto da Pedra.
As outras cinco (Mangueira,
Unidos de Vila Isabel, Unidos
da Tijuca, Salgueiro e Mocidade Independente) misturam
dinheiro de contravenção, subvenção e patrocínios.
Polícias Civil e Federal investigam uso das escolas para lavar
dinheiro. Cada desfile custa entre R$ 5 milhões e R$ 8 milhões
-custo sem precisão dado pelas escolas. Para investigadores, desorganização contábil,
corrupção e desinformação de
dirigentes facilitam esse crime.
Na Mangueira, a polícia quer
saber a origem do dinheiro que
pagou a construção de camarotes e formou a quadra, na zona
norte, e se os gastos são compatíveis com a arrecadação. O vínculo com quadrilha que controla o tráfico no morro da Mangueira é investigado após operação da PF, em novembro.
Padrinhos
"Alô, papai!. A família Beija-Flor te ama", afirma o intérprete Neguinho da Beija-Flor, antes de iniciar o samba da escola
na gravação deste ano. "Papai"
é o contraventor Aniz Abra hão
David, o Anísio, preso na operação Hurricane (furacão, em inglês) da PF, sob acusação de envolvimento com a máfia de caça-níqueis, permanece presidente de honra da Beija-Flor de
Nilópolis, na baixada fluminense, a campeã do ano passado.
Anísio é ainda "patrono"" da
Grande Rio, em Duque de Caxias, também na baixada. O
presidente de honra da escola,
Jaider Soares, tem total autonomia, mas a maior parte do financiamento da Grande Rio é
custeado por Anísio.
Luiz Pacheco Drumond, o
Luizinho Drumond, já condenado e preso por ligação com o
jogo do bicho, está à frente da
Imperatriz Leopoldinense, da
região de Ramos e do morro do
Alemão (zona norte).
Aílton Guimarães Jorge, o
Capitão Guimarães, também
preso na Hurricane, e ex-presidente da Liesa (Liga das Escolas de Samba), é o padrinho da
Unidos do Viradouro.
Dificuldades
Desde 2004, com as mortes
dos bicheiros Miro Garcia, o
Miro, e de seu filho, Waldemir
Paes Garcia, a Salgueiro passa
dificuldades. Filho de Miro e irmão de Maninho, Alcebíades
Paes Garcia, o Bid, não se entende com o presidente Luiz
Augusto Duran, o Fu. A conseqüência é redução da verba. Na
Mocidade Independente, a
morte em 1997 do bicheiro Castor de Andrade a deixou sem
patrono e levou a disputa familiar, reduzindo investimentos.
A Portela, de Madureira (zona norte), a São Clemente, em
Botafogo (zona sul), e a Porto
da Pedra, em São Gonçalo (região metropolitana do Estado),
seriam as únicas a custear o
carnaval só com verba da subvenção oficial. A Portela até
2004 era patrocinada pelo bicheiro Carlos Teixeira Martins,
o Carlinhos Maracanã, morto.
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