São Paulo, sábado, 02 de fevereiro de 2008

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Lula cancela pregão para laptop de US$ 100

Compra dos 150 mil computadores foi anulada porque o governo não conseguiu reduzir o valor do menor lance -US$ 360

Nova concorrência será aberta com mudanças, que podem ser a redução do número de laptops, menos exigências ou mais verba

KENNEDY ALENCAR
JOHANNA NUBLAT
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após mais de um mês de negociações, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu cancelar o pregão para a compra de 150 mil laptops para distribuição em escolas públicas. Motivo: não conseguiu reduzir o menor preço apresentado.
Segundo apurou a Folha, Lula decidiu abrir uma nova concorrência com mudanças.
O Grupo Positivo, que deu o menor lance, ofereceu cerca de US$ 360 pelo que ficou conhecido como "laptop de US$ 100".
Em novembro de 2006, Lula disse que o laptop iria custar no máximo US$ 150. A expectativa de um laptop de US$ 100, alimentada pelo próprio Lula, dificultou a compra. O governo temeu que houvesse um noticiário negativo.
A Folha apurou que as alterações no edital podem ser feitas em três linhas. O governo federal pode reduzir o número de máquinas adquiridas, diminuir o número de exigências -a garantia de três anos, por exemplo, poderia ser reduzida para dois- ou aumentar o orçamento previsto para ser destinado ao projeto. O montante atual não foi divulgado.
O pregão para a compra dos laptops começou no dia 18 de dezembro. Até o dia 20, o pregoeiro reclamou, via internet, dos preços oferecidos pelas empresas participantes do pregão. O primeiro dia de lances foi fechado com a proposta de R$ 855 (US$ 475) por laptop.
O pregoeiro disse que os preços eram "MUITO [em maiúsculas] altos em relação ao preço de referência da administração". Desde o dia 20 de dezembro, a página do pregão na internet diz que o processo está suspenso para avaliação.
O valor de US$ 360 está bem acima do que o Uruguai pagou pelos laptops populares comprados no final do ano passado, que foi de US$ 199.
O modelo adquirido foi o XO, da ONG de Nicholas Negroponte, professor do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos EUA), quem primeiro ofereceu o laptop ao presidente Lula. No Brasil, o XO foi oferecido por US$ 387.
O modelo ClassMate, da Positivo, ficou por US$ 245 no Uruguai. Ele é considerado mais semelhante aos computadores convencionais.

Locais diferentes
O edital em andamento para a compra de 150 mil laptops prevê que a empresa vencedora entregue as unidades em 228 municípios de todos os Estados brasileiros, alguns situados em área rural.
Esse é um dos motivos apontados para explicar a diferença entre o preço oferecido no Brasil e no Uruguai, onde o edital previa que os computadores fossem entregues somente em uma localidade.
Outras especificações do edital brasileiro que encareceram a compra foram o grande número de exigências feitas, como assistência técnica para os equipamentos em todos os Estados do país e a garantia de três anos, segundo disse à Folha recentemente o coordenador do projeto e assessor especial da Presidência da República, Cezar Alvarez.
"O Uruguai não pediu garantia de três anos, pediu muito menos que nós. Quem exige mais, paga mais", disse.


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