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Lula cancela pregão para laptop de US$ 100
Compra dos 150 mil computadores foi anulada porque o governo não conseguiu reduzir o valor do menor lance -US$ 360
Nova concorrência será aberta com mudanças, que podem ser a redução do número de laptops, menos exigências ou mais verba
KENNEDY ALENCAR
JOHANNA NUBLAT
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após mais de um mês de negociações, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva decidiu
cancelar o pregão para a compra de 150 mil laptops para distribuição em escolas públicas.
Motivo: não conseguiu reduzir
o menor preço apresentado.
Segundo apurou a Folha, Lula
decidiu abrir uma nova concorrência com mudanças.
O Grupo Positivo, que deu o
menor lance, ofereceu cerca de
US$ 360 pelo que ficou conhecido como "laptop de US$ 100".
Em novembro de 2006, Lula
disse que o laptop iria custar no
máximo US$ 150. A expectativa
de um laptop de US$ 100, alimentada pelo próprio Lula, dificultou a compra. O governo
temeu que houvesse um noticiário negativo.
A Folha apurou que as alterações no edital podem ser feitas em três linhas. O governo
federal pode reduzir o número
de máquinas adquiridas, diminuir o número de exigências
-a garantia de três anos, por
exemplo, poderia ser reduzida
para dois- ou aumentar o orçamento previsto para ser destinado ao projeto. O montante
atual não foi divulgado.
O pregão para a compra dos
laptops começou no dia 18 de
dezembro. Até o dia 20, o pregoeiro reclamou, via internet,
dos preços oferecidos pelas
empresas participantes do pregão. O primeiro dia de lances
foi fechado com a proposta de
R$ 855 (US$ 475) por laptop.
O pregoeiro disse que os preços eram "MUITO [em maiúsculas] altos em relação ao preço de referência da administração". Desde o dia 20 de dezembro, a página do pregão na internet diz que o processo está
suspenso para avaliação.
O valor de US$ 360 está bem
acima do que o Uruguai pagou
pelos laptops populares comprados no final do ano passado,
que foi de US$ 199.
O modelo adquirido foi o XO,
da ONG de Nicholas Negroponte, professor do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos EUA), quem primeiro ofereceu o laptop ao presidente Lula. No Brasil, o XO
foi oferecido por US$ 387.
O modelo ClassMate, da Positivo, ficou por US$ 245 no
Uruguai. Ele é considerado
mais semelhante aos computadores convencionais.
Locais diferentes
O edital em andamento para
a compra de 150 mil laptops
prevê que a empresa vencedora
entregue as unidades em 228
municípios de todos os Estados
brasileiros, alguns situados em
área rural.
Esse é um dos motivos apontados para explicar a diferença
entre o preço oferecido no Brasil e no Uruguai, onde o edital
previa que os computadores
fossem entregues somente em
uma localidade.
Outras especificações do edital brasileiro que encareceram
a compra foram o grande número de exigências feitas, como
assistência técnica para os
equipamentos em todos os Estados do país e a garantia de
três anos, segundo disse à Folha recentemente o coordenador do projeto e assessor especial da Presidência da República, Cezar Alvarez.
"O Uruguai não pediu garantia de três anos, pediu muito
menos que nós. Quem exige
mais, paga mais", disse.
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