São Paulo, segunda-feira, 02 de fevereiro de 2009

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Procon detecta demora dos SACs para resolver queixas

Em cerca de 500 de 2.000 denúncias, prazo de 5 dias úteis não foi cumprido

Houve melhora no cumprimento de parte das novas regras, como menus mais claros e atendimento do cliente em até 1 minuto

MÁRCIO PINHO
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Dois meses após a nova regra para os call centers entrar em vigor, as empresas acataram em parte o exigido pelo governo. Os menus estão mais claros e o atendimento, em muitas delas, é feito em até um minuto. Mas o ponto mais importante -resolver em até cinco dias úteis o problema do consumidor- ainda tem falhas.
É o que indica um balanço feito pelo Procon-SP, que mostra que cerca de 500 das mais de 2.000 reclamações sobre o funcionamento dos SACs (serviço de atendimento ao cliente) referem-se exclusivamente à não resolução do problema no tempo máximo permitido.
"O grande objetivo do decreto foi melhorar a resolução de problemas dos consumidores junto às empresas", diz Carlos Coscarelli, assessor-chefe do Procon, que admite: a meta ainda não foi de todo alcançada. "O decreto é bom, mas as empresas precisam ser pressionadas a cumprir todas as regras", diz.
Em dezembro, o Procon autuou 35 empresas por não adequação. Elas apresentaram defesa e não tiveram o nome divulgado. Já o Ministério da Justiça intimou, entre 1º e 13 de dezembro, 72 empresas.
Grande marca da proposta alardeada pelo governo, o fim da interminável musiquinha de elevador -um atendente deve falar com o usuário em até um minuto, quando solicitado- foi o primeiro foco da ação do Procon junto aos call centers. A fiscalização se intensifica agora no pós-atendimento, ou seja, a resolução de fato do problema.
No caso da cirurgiã-dentista Juliana Duran Cruz, 26, a Telefônica levou três semanas para resolver de vez um problema na linha de telefone de seu consultório. "O aparelho tocava, mas, quando eu atendia, ficava mudo. Com outro aparelho, o problema continuava", afirma Juliana, que calcula: após ser rapidamente atendida, teve de esperar na linha "cerca de 40 minutos" ao ser transferida.

Teste de atendimento
Testes feitos pela Folha entre quarta e sexta com 29 empresas (grandes operadoras de mercado) mostram que esse serviço já foi pior -algumas criaram números só para reclamações e cancelamentos.
Foram feitas duas ligações para cada companhia. Nove tiveram problemas -seis registraram atrasos maiores que dois minutos. Em teste semelhante nos primeiros dias das novas regras, com 33 empresas -mas apenas uma ligação para cada-, 14 demoraram mais que o permitido e nove tiveram falhas no menu. No último teste, os menus seguiam as regras.
"Muitas empresas se prepararam para a mudança. O setor financeiro, por exemplo, adaptou-se muito. Outras companhias só agora apresentam seus planos", afirma Coscarelli.
Telefonia lidera as queixas no Procon (cerca de 1.200 das 2.000). Estão sujeitos ao decreto SACs (e não todos os fones de serviço) também de outras áreas reguladas pelo governo.
Pelo menos duas empresas - Continental Airlines e American Airlines- obtiveram liminares desobrigando-as de cumprir as regras. A Agência Nacional de Aviação Civil derrubou a liminar da Continental.


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