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Após enchentes, governo decide aumentar a limpeza do Tietê
ADRIANA FERRAZ
DO "AGORA"
O governo José Serra (PSDB)
vai aumentar em 150% a quantidade de entulho removida do
fundo do rio Tietê. Após as últimas enchentes nas marginais
-foram quatro em quatro meses-, a Secretaria de Estado de
Saneamento e Energia fez uma
revisão no programa de manutenção da calha do rio e decidiu
elevar de 400 mil m3 para 1 milhão de m3 o total de resíduos a
serem retirados em 2010.
Reportagens do Agora publicadas em dezembro do ano
passado mostraram que os gastos do governo paulista com a
limpeza da calha dos rios Tietê
e Pinheiros haviam caído 34%
nos últimos anos.
A gestão Serra investiu R$ 48
milhões, em média, nos seus
três primeiros anos (2007-2009) contra R$ 72,9 milhões
empenhados no último ano de
administração do seu antecessor, o também tucano Geraldo
Alckmin. O investimento no
serviço previsto para 2010 pelo
governo é de R$ 80 milhões.
A secretária de Saneamento
e Energia, Dilma Pena, disse no
final do ano passado que faria
uma reunião para avaliar se a
quantidade removida até então
do fundo do rio era suficiente.
Na época, ela preferiu não comentar declarações de especialistas em dragagem, que defenderam a retirada anual de 1 milhão de m3 do rio, a mesma
quantidade que o governo decidiu estabelecer este ano.
A primeira reportagem sobre
a redução dos gastos na manutenção da calha do Tietê foi publicada em 9 de dezembro passado, um dia após uma enchente praticamente parar a cidade.
Dois dias depois, o geólogo
Álvaro Rodrigues dos Santos,
ex-diretor do IPT (Instituto de
Pesquisas Tecnológicas), afirmou à reportagem que 1 milhão de m3 de resíduos -entre
lixo doméstico e entulho- chegam ao rio anualmente. "Se esse volume [de sujeira] não é retirado, os ganhos da obra de
aprofundamento da calha ficam anulados. É isso o que vem
acontecendo. A manutenção
tem de ser permanente", disse.
A revisão feita agora pelo governo, diz Santos, é positiva.
"Essa é a única medida a curto
prazo que pode ajudar realmente a reduzir o número e a
dimensão das enchentes. Pode
ser, por exemplo, que o Tietê
[depois de limpo] não transborde na próxima chuva forte,
pois terá sua vazão ampliada."
Segundo o superintendente
do Daee (Departamento de
Águas e Energia Elétrica), do
governo de SP, Ubirajara Tannuri Felix, metade do material
deve ser retirado em cada semestre. A mesma programação
deverá ser executada em 2011.
"O trabalho não será feito só no
Tietê. Vamos ampliar o programa de limpeza e desassoreamento nos afluentes da bacia. A
previsão é gastar mais R$ 80
milhões com esses serviços e
evitar enchentes", afirmou.
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