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UNIVERSIDADE
Cerca de 60 calouros passaram por constrangimentos como rolar e até brigar no barro, em pleno campus
Unicamp vai investigar trote com lama
RODRIGO ROSSI
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) vai apurar os
trotes contra alunos da FEM (Faculdade de Engenharia Mecânica), praticados dentro do campus,
ontem, durante a confirmação de
matrícula na universidade, que
inicia o ano letivo amanhã.
Os calouros, cerca de 60, passaram por constrangimentos como
rolar e brigar na lama, além de serem forçados a participar de
"competições de farinha" (um calouro fica soprando farinha no
rosto do outro) e a passar pelo
"rolo compressor" (calouros sujos de lama ficam deitados enquanto um outro rola por cima).
A Folha presenciou o trote.
A Unicamp, em nota oficial, informou que trabalha para coibir
"ao máximo modalidades de trotes que constrangem" os novos
alunos e que "toda denúncia [de
trote violento] é apurada".
A FEM possui cerca de 300 dos
27 mil estudantes da Unicamp.
Segundo a assessoria da Unicamp, a Comissão de Recepção
aos Calouros -formada por sete
professores que recebem denúncias de trotes violentos na universidade- ainda não havia sido notificada oficialmente do trote
ocorrido ontem na FEM.
A apuração de trotes violentos
começa na Comissão de Recepção aos Calouros. Um relatório é
elaborado e enviado à Comissão
Central de Graduação, que depois
encaminha o caso ao Consu
(Conselho Universitário) -órgão máximo da Unicamp- que
define a pena. O aluno que participar ou incitar trotes violentos
pode ser suspenso ou expulso.
Veteranos do curso de engenharia mecânica da FEM dizem que o
trote neste ano está mais violento
do que em 2003. Segundo Rafael
Melo Dias, 19, do segundo ano, os
trotes no ano passado incluíram
apenas pintura no rosto e algumas brincadeiras: "Era bastante
tranqüilo, não tinha essa coisa da
lama, competições de farinha".
Calouros ouvidos pela Folha
afirmaram que se sentiram constrangidos, mas não viam problema em participar das atividades.
As entrevistas, cinco no total, foram dadas ao lado de veteranos.
"Há brincadeiras que são complicadas, mas pretendo participar",
disse Diego Jiquilim Ramirez, 19.
Segundo a psicóloga Mariana
Barini de Santi, 28, os constrangimentos a que são submetidos os
estudantes recém-chegados à
universidade podem causar danos no decorrer do ano. "Dependendo do nível de exposição a que
são submetidos, os calouros podem ter o comportamento espontâneo prejudicado."
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